Ana Carolina Fonseca*
postado em 07/02/2017 06:03
Sem hormônios, com poucos efeitos colaterais, de longo efeito e reversível: esse pode parecer o método anticoncepcional dos sonhos, e a ciência está próxima de torná-lo real. Para os homens. Um projeto desenvolvido nos Estados Unidos teve sucesso no experimento com animais. A solução, que pode substituir as cirurgias de vasectomia, poderá ser lançada comercialmente em breve.
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Os testes realizados em macacos apresentaram resultados muito positivos, conforme mostra artigo publicado na revista especializada Basic and Clinical Andrology. Os machos que receberam o tratamento não foram capazes de engravidar suas parceiras e sofreram menos efeitos colaterais que os causados pela vasectomia. Agora, a Fundação Parsemius, responsável pelo estudo, planeja um teste clínico em humanos, que ainda não tem data definida.
O novo medicamento, batizado de vasalgel, não consiste em uma pílula. Trata-se de um hidrogel que é aplicado, com uma injeção, no canal deferente, duto por onde os espermatozoides são transportados dos testículos ao pênis. Depois de ser injetado, o gel forma uma barreira semipermeável capaz de reter os espermatozoides, que acabam reabsorvidos pelo corpo. Nos primeiros testes, realizados em coelhos, foi possível diluir o hidrogel com uma simples solução de bicarbonato de sódio.
Pesquisadora de métodos anticoncepcionais desde a década de 1980, a fundadora da Parsemius, Elaine Lissner, diz que a situação atual, com poucos métodos anticoncepcionais masculinos, é injusta para homens e mulheres. ;Elas têm de aguentar os efeitos de métodos ;abaixo do ótimo; ou se submeterem a cirurgias. E os homens não contam com meios confiáveis e reversíveis para controlar seu futuro reprodutivo;, opina. Ela acrescenta que o tema se torna especialmente importante na era do vírus zika.
Métodos antigos
As opções contraceptiva para homens não mudam há mais de um século: por enquanto, as opções são a camisinha e a vasectomia. Pesquisas indicam que a maior parte dos homens se interessa por novos métodos contraceptivos. Muitos deles dão preferência a técnicas não hormonais, devido aos possíveis efeitos colaterais. Mesmo assim, os estudos de anticoncepcionais à base de hormônios continuam a receber mais investimentos.
Antes de beneficiar os homens, o novo tratamento poderá ajudar a controlar a população de primatas que vivem em zoológicos. Segundo os pesquisadores, o método ajuda a controlar a taxa de natalidade dos animais sem separá-los. ;É ideal para o bem-estar que macacos fiquem juntos, mas também precisamos considerar questões de fertilidade;, explica a veterinária que liderou o projeto, Angela Colagross-Schouten. Em primatas, a vasectomia tem, com frequência, complicações.
* Estagiária sob a supervisão de Humberto Rezende