O Dia Mundial de Combate ao Câncer é uma data que tem como objetivo chamar a atenção da sociedade para o mal, que, segundo um estudo realizado pelo Instituto Nacional de Câncer ;José Alencar Gomes da Silva (Inca), é a segunda enfermidade que mais mata no Brasil, perdendo apenas para doenças de coração.
[SAIBAMAIS] Para ajudar, e em tempos de redes sociais, há diversas campanhas encabeçadas por amigos e familiares de pessoas que enfrentam esta luga diariamente. Geralmente, são alertas para a necessidade da doação de órgãos, sangue e medula óssea. Neste último caso, o convite é feito àqueles que tenham vontade de ajudar: cadastrar-se no Registro Nacional de Doadores Voluntários de Medula Óssea (REDOME). Criado em 1993, o registro conta com mais de 4 milhões de nomes e é o terceiro maior banco de doadores do mundo. Anualmente, são incluídos mais de 300 mil novos doadores voluntários no REDOME. Só em 2017, foram 41 mil no Brasil.
O estudante André Luiz Prieto, 22 anos, entrou nesta onda há duas semanas. "A doação foi motivada pela campanha que estão fazendo para um amigo. E, como eu posso doar, resolvi me cadastrar para ajudar mesmo;, diz Prieto.
André acredita que fazer o cadastro é importante pelo fato de a doação ser algo que pode salvar a vida de quem recebe a medula. ;O processo foi super simples e tudo durou cerca de 15 minutos;, conta.
Para o estudante, é importante que as pessoas que se mobilizem. "A probabilidade de ser compatível é de um em 100.000, quanto mais pessoas puderem se cadastrar maior é a chance de haver compatibilidade;, avalia.
O transplante de medula óssea é um tipo de tratamento proposto para algumas doenças que afetam as células do sangue, como as leucemias e os linfomas. O processo consiste na substituição de uma medula óssea doente por células normais da medula óssea, com o objetivo de reconstituição de uma nova medula saudável. Em 2016, 381 transplantes foram realizados no Brasil, e até março deste ano, 54.
A estudante Rebeca Júlia Lopes, 19 anos, relata que, antes de fazer o cadastro de doadora, ela não sabia que era possível doar medula. ;Fui no Hemocentro para fazer uma doação de sangue, mas eu tinha furado a orelha uma semana antes, então não deu. Aí eles me deram a opção da medula e eu amei;, explica Rebeca. "Meu sonho é conseguir ser compatível com alguém, para que eu possa doar. Já que as pessoas não se comprometem, me resta torcer para que quem necessita seja ao menos compatível com quem se propôs a ser doador;, diz Rebeca.
Atualmente, 850 pacientes estão na busca por um doador, segundo dados do REDOME. O transplante de medula óssea pode beneficiar o tratamento de cerca de 80 doenças em diferentes estágios e faixas etárias, porém, a falta de doadores compatíveis dificulta o trabalho dos médicos.
Vítor Fernandes de Faria, de 18 anos, está na fila, em busca de um doador compatível. Diagnosticado com leucemia no início do ano, o estudante da UnB precisa de um transplante de medula para fazer o tratamento da doença. ;É realmente complicado ver ele assim, mas os amigos e a família estão em encontrar alguém compatível;, assegura uma das melhores amigas do jovem, Camila Figueiró Dias, de 16 anos.
Saiba como fazer o cadastro
Segundo a Fundação Hemocentro de Brasília, para se tornar um doador é necessário ter entre 18 e 55 anos de idade, estar em bom estado geral de saúde, não ter doença infecciosa ou incapacitante e não apresentar doença neoplásica (câncer), hematológica (do sangue) ou do sistema imunológico.
Para fazer o cadastro, o doador deve entrar no site do Registro Nacional e procurar o hemocentro mais próximo. No caso do DF, a Fundação Hemocentro de Brasília realiza a coleta de 5ml de sangue para registrar o doador. É necessário um agendamento prévio por meio do telefone 160. A orientação para as pessoas que já possuem o cadastro é manter os dados atualizados.
Compatibilidade
Em caso de compatibilidade, o doador é chamado pelo Hemocentro e realiza a doação. O procedimento é realizado em um centro cirúrgico, sob anestesia peridural ou geral, e requer internação de 24 horas de antecedência. A medula é retirada do interior de ossos da bacia e se recompõe em apenas 15 dias.
Outro método de doação é a coleta por aférese. O procedimento, nesse caso, é de uso de uma medicação por cinco dias com o objetivo de aumentar o número de células-tronco (células mais importantes para o transplante de medula óssea) circulantes no seu sangue. Após esse período, a pessoa faz a doação por meio de uma máquina, de aférese, que colhe o sangue da veia do doador, separa as células-tronco e devolve os elementos do sangue que não são necessários para o paciente. Não há necessidade de internação nem de anestesia, sendo todos os procedimentos feitos pela veia.
A decisão sobre o método de doação é médica, tanto do paciente quanto do doador, de acordo com as particularidades de cada caso.