Jornal Correio Braziliense

Ciência e Saúde

Útero artificial pode ser usado para salvar prematuros, sugere estudo

Atualmente, crianças nascidas após 22 ou 23 semanas de gestação, em vez das habituais 40, têm uma chance de sobrevivência de 50%

Atualmente, crianças nascidas após 22 ou 23 semanas de gestação, em vez das habituais 40, têm uma chance de sobrevivência de 50%. No caso daquelas que sobrevivem, há um risco de 90% de sofrerem graves problemas de saúde. O novo sistema que imita a vida no útero poderia, se aprovado para o uso humano, melhorar drasticamente essas probabilidades, disseram os pesquisadores. Os cientistas estão trabalhando com a agência de alimentos e medicamentos dos Estados Unidos, a FDA, para preparar testes em humanos. A expectativa é de que comecem dentro de três a cinco anos.

No estudo, os pesquisadores testaram seis cordeiros prematuros, transferidos do útero de suas mães para o dispositivo, entre 105 e 112 dias de gestação (o equivalente a 23 e 24 semanas em humanos). O cordão umbilical foi conectado a uma máquina externa, que remove CO2 e adiciona oxigênio ao sangue. No equipamento, não há bombas mecânicas ; é o coração do feto que mantém os órgãos em funcionamento. ;Uma das principais vantagens do nosso sistema é evitar a insuficiência cardíaca, que vem do desequilíbrio dos fluxos sanguíneos criados com circuitos de bomba;, disse o coautor, Marcus Davey, engenheiro líder do projeto. Além de uma alta taxa de mortalidade, os pequenos pulmões e corações desses bebês são mal equipados para suportar o trauma de intubação, ventiladores e bombas artificiais.

Os cordeiros ficaram nos úteros artificiais por até 28 dias. Enquanto estavam lá, eles exibiram padrões de respiração e de deglutição normais, abriram os olhos, a lã cresceu, eles se tornaram mais ativos e tiveram crescimento, função neurológica e maturação de órgãos normais. Isso aumenta a esperança de que, em menos de uma década, bebês humanos extremamente prematuros possam se beneficiar. ;Esse sistema é potencialmente muito superior ao que os hospitais podem, hoje, fazer por bebês nascidos com 23 semanas. Isso pode estabelecer um novo padrão de cuidado para essas crianças;, conclui Alan W. Flake.