Uma nova estimativa de matas secas ; formações como o Cerrado e a Caatinga, não associadas a um curso d;água ; sugere que a cobertura global desse tipo de vegetação é ao menos 40% maior que o imaginado previamente. A descoberta, publicada na revista Science, pode ajudar a reduzir incertezas sobre as previsões de sequestro de carbono, disseram os autores do trabalho, que contou com a participação de pesquisadores do Instituto Nacional do Semiárido, no Brasil.
Os biomas de terra seca, onde a precipitação é mais que contrabalanceada pela evaporação das superfícies e a transpiração das plantas, cobrem cerca de 40% da Terra. Eles contêm alguns dos ecossistemas mais ameaçados do planeta, incluindo ricas zonas de biodiversidade. Contudo, estimativas prévias foram marcadas por disparidades, causadas por questões como diferenças na resolução espacial de satélites, abordagens de mapeamento e definição de floresta. Essas controvérsias levaram a dúvidas sobre a confiabilidade das estimativas da cobertura florestal global e a questionamentos sobre a contribuição verdadeira da vegetação ao ciclo do carbono.
No artigo, os pesquisadores analisaram dados de satélite obtidos pelo programa Google Earth, usando 213.795 amostras detalhadas de áreas de 0,5 hectare, enviadas por cientistas de todo o planeta. A partir desses dados, o principal autor, Jean-François Bastin, da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), estimou que a cobertura de matas secas é de 40 a 47% maior que o imaginado anteriormente, compreendendo 9% da superfície terrestre. De acordo com ele, são 467 milhões de hectares de mata seca, jamais reportada anteriormente. Os continentes africano e asiático são os com maior concentração desse bioma que, no Brasil, concentra-se no semiárido do Nordeste e do Sudeste.
;Usando esses números, futuros grupos de pesquisa poderiam melhorar as estimativas sobre o estoque de carbono das florestas globais;, escreveram os autores. ;Nossas descobertas também podem levar ao desenvolvimento de estratégias inovadoras de conservação e restauração de biomas secos para mitigar as mudanças climáticas, combater a desertificação e dar suporte ao manejo da biodiversidade e dos ecossistemas que sustentam a sobrevivência humana;, concluíram.