postado em 16/05/2017 06:00
Dormir pouco, problema comum associado ao risco de desenvolver diversas doenças crônicas, também pode ser um fator que favorece a perda óssea. Os resultados de um estudo apresentado no encontro anual da Sociedade Endócrina dos Estados Unidos, no mês passado, revelaram que, depois de três semanas de restrição cumulativa do sono e interrupção do ciclo circadiano ; como ocorre quando há jet lag ;, há redução dos níveis de um marcador da formação óssea no sangue de homens saudáveis. Por outro lado, outro indicador biológico da reabsorção do osso não foi alterado.
;Esse desbalanço cria uma perda óssea em potencial, que poderia levar a osteoporose e fraturas;, diz Christine Swanson, professora da Universidade de Colorado em Aurora. Ela completou o estudo quando era pesquisadora da Universidade de Saúde e Ciência de Oregon, em Portland, também nos EUA. ;Se a interrupção crônica do sono for identificada como um novo fator de risco para a osteoporose, isso poderia ajudar a explicar por que não há causa clara da doença em aproximadamente 50% dos 54 milhões de norte-americanos que têm baixa densidade óssea ou osteoporose;, afirma a pesquisadora. De acordo com Swanson, os padrões inadequados do sono também são muito prevalentes no país: mais de 25% da população dos Estados Unidos reporta ter problemas ocasionais, e 10% afirma que eles são frequentes.
Os 10 homens que compuseram o estudo eram parte de uma pesquisa maior conduzida em 2012 no Hospital Brigham de Boston. O trabalho de cinco anos atrás avaliou as consequências à saúde da restrição do sono combinada à interrupção do ciclo circadiano, definida por Swanson como uma ;incompatibilidade entre o relógio biológico interno e o ambiente, causada por um dia mais curto ou mais longo que 24 horas;.
Os participantes ficaram em um laboratório onde, durante três semanas, foram dormir, todos os dias, quatro horas antes do dia anterior, resultando em um ;dia; de 28 horas. Swanson compara essa mudança ao que algumas pessoas podem sentir quando fazem viagens a países com fuso horário muito diferente do original, o famoso jet lag. Os homens podiam dormir apenas 5,6 horas por dia em um período de 24 horas. Quando acordados, ingeriam as mesmas quantidades de calorias e nutrientes durante todo o estudo. Amostras do sangue foram obtidas no início e depois de três semanas. Seis participantes tinham de 20 a 27 anos, e os outros quatro estavam na faixa dos 55 aos 65.
Reabsorção
Depois de três semanas, todos eles apresentaram níveis reduzidos de um marcador da formação óssea chamado P1NP, comparado ao início do estudo. O declínio foi maior entre os mais jovens: 27% contra 18% verificado no grupo mais velho. Segundo a pesquisadora de Portland, os níveis de reabsorção, medidos pelo marcador CTX, continuaram estáveis, uma indicação que o osso velho poderia quebrar sem que um novo fosse formado, para substituí-lo.
;Esses dados sugerem que a interrupção do sono pode ser mais maléfica para o metabolismo ósseo na juventude, quando o crescimento e o acréscimo de ossos são cruciais para a saúde do esqueleto em longo prazo. Mais estudos são necessários a fim de confirmar os resultados e explorar se há diferenças em relação às mulheres;, diz Swanson. A investigadora esclareceu que, devido a uma limitação orçamentária, não foi possível incluir o público feminino no estudo.
Também no Brasil
Um levantamento da International Stress Management Association no Brasil (Isma-BR) mostra que problemas na hora de dormir também são uma realidade brasileira. Após analisar dados de 1.000 profissionais de diferentes ramos da economia, os investigadores concluíram que 38% dos trabalhadores brasileiros sofrem com algum distúrbio de sono, como insônia ou dificuldade para repousar profundamente. Vinte e seis por cento afirmaram que acordam várias vezes durante a noite e 12% relataram ter o sono agitado, com pesadelos.