Jornal Correio Braziliense

Ciência e Saúde

Risco de microcefalia no Brasil não acabou, alerta autor de estudo

"Sistemas de vigilância precisam estar muito atentos para não baixar a guarda e, sobretudo, para identificar o menor sinal de recrudescimento da doença", afirma o pesquisador da Fundação Oswaldo Cruz Wanderson de Oliveira

O pesquisador relata uma série de hipóteses que justificariam uma redução tão significativa da intensidade da segunda onda. Na primeira epidemia de zika no País, não havia ainda suspeita das consequências do vírus para o feto e, por isso, não havia prevenção adequada. "Diante da comoção provocada pelos primeiros casos, que vieram numa intensidade muito relevante, gestantes seguiram os cuidados que passaram então a ser recomendados", avalia. Diante do medo da época, muitas mulheres preferiram adiar a gestação. Além disso, os cuidados de combate ao vetor da doença, o mosquito Aedes aegypti, foram intensificados por autoridades públicas.

"Ainda é cedo para sabermos ao certo o que ocorreu, qual foi o peso de cada fator", reconhece Oliveira. Ele acrescenta, no entanto que, embora os números hoje sejam muito menores, casos novos de nascimento de bebês com a síndrome congênita continuam a ser registrados. O temor do cientista é o de que esses casos, ocorrendo de forma mais esparsa, acabem passando despercebidos também por autoridades sanitárias. "Sistemas de vigilância precisam estar muito atentos para não baixar a guarda e, sobretudo, para identificar o menor sinal de recrudescimento da doença", completa.