Agência France-Presse
postado em 26/07/2017 16:27
Como mostram vários estudos apresentados na conferência internacional de pesquisa sobre o HIV em Paris, os meios de prevenção da aids já não se limitam ao uso de preservativos.
Medicamentos para prevenção
Quando se é soronegativo, uma das maneiras de diminuir o risco de contágio pelo HIV é seguir um tratamento antirretroviral, conhecido como Profilaxia Pré-exposição (PrEP).
Vários estudos demonstraram a eficácia deste método para evitar contágios, tanto se o tratamento for contínuo (um comprimido de Truvada ao dia) como se for apenas no momento das relações sexuais.
Esta opção é proposta de forma prioritária às comunidades de alto risco, como os homossexuais que mantém relações sem proteção ou os trabalhadores do sexo.
[SAIBAMAIS]Até agora, o tratamento era administrado com comprimidos. Mas na terça-feira na conferência de Paris foi apresentado um novo método: uma injeção bimestral. E os pacientes parecem tolerar bem o medicamento injetado, o cabotegravir, segundo os primeiros resultados de um estudo.
Raphael Landovitz, pesquisador da Universidade da Califórnia, indicou que serão realizados outros testes para avaliar a eficácia desta substância.
Tratamento para não contagiar
Em geral, a difusão maciça dos tratamentos antirretrovirais se apresenta como uma das ferramentas de prevenção para deter a propagação da epidemia.
Quando o tratamento é realizado corretamente e funciona, o portador do HIV fica com uma carga viral imperceptível, o que implica que, mesmo se a pessoa continua portando o vírus, este deixa de ser forte o suficiente para se multiplicar ou infectar outra pessoa.
Desde 2011, uma importante pesquisa estudou casais heterossexuais nos quais só um dos membros era soropositivo e demonstrou que o tratamento precoce do companheiro portador reduz em 96% o risco de contágio do outro.
Outro estudo realizado na Austrália, Tailândia e Brasil, e apresentado em Paris, mostra uma eficácia similar em casais de homens.
Uma campanha de informação resume estes resultados com o slogan "U=U", "undetectable equals untransmittable" (indetectável = intransmissível).
A circuncisão beneficia também as mulheres
Há uma década se sabe que a circuncisão reduz em cerca de 50% o risco de infecção entre os homens em relações heterossexuais, dado que a parte interna do prepúcio é particularmente permeável ao vírus.
Um novo estudo divulgado esta semana em Paris vai ainda mais longe. "Ter um companheiro circuncisado pode inclusive proteger as mulheres", explicou Ayesha Kharsany, do centro de pesquisa sobre a aids da África do Sul (Caprisa).
As taxas de proteção neste caso são, porém, menores: as mulheres têm 22% menos risco de contágio de HIV e 15% de contágio de herpes genital se seu companheiro não tem prepúcio.
O motivo não está completamente claro. Não se sabe se isso se deve a que a diminuição do número de homens infectados reduz estatisticamente os riscos para as mulheres ou se a circuncisão realmente desempenha um papel na transmissão do vírus.
Segundo Kharsany, 12 milhões de homens foram circuncisados até hoje na África subsaariana no âmbito de programas de saúde estatais.
Anel vaginal, um dispositivo promissor?
Inspirado nos anéis utilizados como anticoncepcionais, o anel apresentado esta semana na conferência de Paris se insere na vagina, onde libera progressivamente um fármaco antirretroviral, a dapirivina. Deve ser trocado uma vez por mês.
Ensaios clínicos anteriores estabeleceram que este anel permitia a redução de aproximadamente 30% em média do risco de infecção com o vírus da aids (HIV).
Trabalhos realizados nos Estados Unidos e divulgados esta semana mostram que este método "sem perigo" é "eficaz" em jovens menores de 18 anos.
Este ano começará uma nova pesquisa sobre os efeitos do anel concentrada em adolescentes e jovens mulheres na África, que fazem parte das populações de maior risco.