Ciência e Saúde

Temporada 2017 do Nobel tenta virar a página do 'episódio Bob Dylan'

Premiações começam segunda-feira (2/10) e podem seguir por 10 dias

Agência France-Presse
postado em 01/10/2017 15:11
Estocolmo, Suécia - A temporada 2017 do Nobel começa na segunda-feira (2/10), em Estocolmo, com todos os olhares voltados ao prêmio de Literatura após o "episódio Bob Dylan" do ano passado e no da Paz, em um contexto de tensão pelas ambições nucleares da Coreia do Norte.

De Gabriel García Márquez a Bob Dylan, do fundador da Cruz Vermelha a Barack Obama, do descobridor dos raios X a Albert Einstein, 911 homens e mulheres da literatura, pesquisadores, médicos, economistas, dirigentes políticos e organizações foram premiados com o Nobel.

O prêmio foi criado em 1901 pelo inventor do dinamite, o sueco Alfred Nobel, para premiar em cinco disciplinas -literatura, paz, medicina, fisiologia, física e química- "aos que no ano anterior deram a humanidade seus maiores serviços".

O Banco Central da Suécia acrescentou, por ocasião de seu tricentenário em 1968, um "prêmio às ciências econômicas em homagem a Alfred Nobel".

A partir de segunda-feira, 2 de outubro serão conhecidos os homenageados de 2017. O Nobel da Paz será anunciado em 6 de outubro e o de literatura em 5 de outubro (ou no dia 12 se os membros da Academia Sueca não chegarem a um acordo antes).

A paz na era nuclear

O único Nobel que é entregue em Oslo, o da Paz, gera sem dúvida as maiores expectativas, mas também controvérsias.

Em 2016 o presidente colombiano, Juan Manuel Santos, foi recompensado com essa distinção por seus esforços de paz em um país desgarrado por um conflito de mais de meio século.

Neste ano, 318 personalidades e organizações foram propostas.

A questão nuclear predomina nos prognósticos em meio à escalada entre Washington e Pyongyang depois do sexto teste nuclear norte-coreano, mas também pela incerteza do acordo com Irã, que o presidente americano Donald Trump ameaça romper.

O diretor do Instituto de Investigação para a Paz de Oslo (PRIO), Henrik Urdal, tende a apoiar que o prêmio seja dada a dois atores0chave desse acordo, a chefa da diplomacia europeia, Federica Mogherini, e o chanceler iraniano, Mohamad Javad Zarif.

"Com a Coreia do Norte em jogo, é muito importante apoiar as iniciativas para proteger-se do desenvolvimento e a proliferação de armas nucleares", ressalta.

A identidade dos candidatos não é divulgada, mas aqueles que se apresentam ao comitê -legisladores e ministros de todos os países, ex-premiados, professores universitários- podem escolher revelar o nome de seu candidato.

Na lista deste ano estão todos os "Capacetes Brancos" sírios, o médico congolês Denis Mukwege, o blogueiro saudita preso Raef Badaui, e o americano Edward Snowden, que revelou a amplitude da vigilância maciça das agências americana.

Como nos tempos de George W. Bush, Donald Trump, que troca há semanas ameaças com o líder norte-coerano, foi sugerido por um compatriota, cuja identidade não foi revelada, que deseja que sua "ideologia de paz pela força" seja reconhecida.

O oposto de Bob Dylan

Para o prêmio de literatura, a Academia sueca mantém a lista em sigilo, restando apenas especulações.

Todo ano são cogitados os nomes de Don DeLillo (Estados Unidos) e Margaret Atwood (Canadá), Adonis (França/Líbano/Síria), Haruki Murakami (Japão) e Ngugi Wa Thiong;o (Quênia).

Pode-se acrescentar Amoz Oz e David Grossmann (Israel), Claudio Magris (Itália), Ismael Kadaré (Albânia) e Michel Houellebecq (França).

Uma coisa parece certa, segundo os círculos literários em Estocolmo: a Academia sueca fará uma eleição consensual, clássica, para não dizer conservadora, depois de surpreender em 2016 premiando o cantor Bob Dylan.

"O que aconteceu no ano passado foi realmente particular. Acho que neste ano teremos uma romancista ou um ensaísta, orginário da Europa. Exatamente o contrário de Bob Dylan", previu Bj;rn Wiman, diretor das páginas culturais do jornal Dagens Nyheter.

O português Antonio Lobo Antunes e o albanês Ismail Kadaré têm sérias chances, segundo Wiman.

Cada prêmio tem uma recompensa de 9 milhões de coroas (940.000 euros) que podem ser compartilhadas com eventuais co-premiados. São entregues também uma medalha e um diploma em uma cerimônia em Estocolmo e Oslo em 10 de dezembro.

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