Agência France-Presse
postado em 10/10/2018 08:51
Paris, França - A Agência Nacional de Segurança Sanitária (Anses) da França pediu, nesta quarta-feira (10/10), aos poderes públicos que "adotem todas as medidas para cessar a exposição da população aos raios UVA artificiais" ante o risco "demonstrado" de desenvolver câncer.
"Recomendamos suspender a atividade relacionada ao bronzeamento artificial, assim como a venda de dispositivos que emitem raios UVA com fins estéticos, especialmente aos particulares", afirmou Olivier Merckel, diretor da unidade de avaliação de riscos da Anses.
"Não podemos esperar mais. Os dados científicos se acumulam, não há mais dúvida, há provas sólidas, o risco de câncer está demonstrado, há números sobre os riscos para os jovens, para o conjunto da população, agora estamos recomendando que as autoridades públicas atuem", declarou.
Dermatologistas, a Academia Nacional de Medicina e vários senadores franceses solicitam desde 2015 a proibição das cabines, mas o governo ignorou os pedidos e se limitou a aprovar uma regulamentação mais rigorosa. Desde 2013 o uso está proibido para os menores de 18 anos.
A Agência Internacional de Pesquisa sobre o Câncer classificou em 2009 os dispositivos de raios UVA (lâmpadas ou camas de bronzeamento) entre os agentes cancerígenos.
A Anses destaca que "não é possível fixar nenhum valor limite de radiação ou doses para proteger os usuários".
"As pessoas que usaram cabines de bronzeamento ao menos uma vez antes dos 35 anos aumentam o risco de desenvolver um melanoma em 59%. Na França, calculamos que 43% dos melanomas nos jovens podem ser atribuídos ao uso destas cabines antes dos 30 anos", enfatizou a agência.
Além do risco de câncer, a radiação artificial "não prepara a pele para o bronzeado, não a protege das queimaduras do sol, não permite um aporte significativo de vitamina D", como muitos asseguram. Além disso, provoca um envelhecimento da pele "quatro vezes maior" do que a exposição ao sol.
O Brasil foi o primeiro país a proibir os raios UVA por completo em 2009, seguido pela Austrália. Este último país tem a maior taxa de melanoma - o câncer de pele mais agressivo - do mundo.