Ciência e Saúde

Luzes e sons de cassinos estimulam jogadores a continuar apostando

Psicólogos da Universidade de British Columbia, no Reino Unido, descobriram que os recursos podem influenciar diretamente as decisões de uma pessoa

postado em 03/11/2018 08:00
Grupo tenta a sorte nas máquinas de caça-níqueis de cassino em Las Vegas: menos ousadia sem estímulos visuais e sonoros
As luzes e os sons dos cassinos podem ser a causa de jogadores persistirem nas apostas altas em roletas e caça-níqueis, mesmo depois de terem perdido uma grande quantidade de dinheiro. A conclusão é de pesquisadores do Departamento de Psicologia da Universidade de British Columbia (UCB), no Reino Unido, que convidaram mais de 100 pessoas para jogarem dentro de laboratórios. Os psicólogos observaram que os elementos visuais e sonoros que compõem o ambiente estimulam a tomada de decisões erradas.

O estudo britânico, publicado na última edição da revista especializada Society for Neuroscience, foi um desdobramento de uma pesquisa anterior, realizada pela mesma equipe, só que com roedores. Nela, a equipe descobriu que os ratos se tornavam mais dispostos a assumir riscos quando suas recompensas alimentares eram acompanhadas por luzes e jingles. Para determinar se isso também aconteceria com humanos, os investigadores convocaram 131 voluntários, homens e mulheres, que participaram de disputas de jogos de azar em laboratório.

O grupo realizou a atividade enquanto ouvia sons de sinos e assobios, os mesmos usados para anunciar ganhos em máquinas de caça-níqueis, e também acompanhava a exibição de imagens de dinheiro que apareciam quando eles eram bem-sucedidos. Os psicólogos descobriram que os recursos podem influenciar diretamente as decisões de uma pessoa, exatamente como foi constatado com os roedores.

;Usando a tecnologia eye-tracker (monitoramento de movimento ocular), pudemos ver que as pessoas estavam prestando menos atenção às informações da situação quando imagens de dinheiro e jingles de cassino acompanhavam as vitórias. Também observamos que os participantes mostraram maior dilatação pupilar;, relatou, por meio de um comunicado, a professora Catharine Winstanley, principal autora do estudo. ;Descobrimos que as escolhas de um indivíduo eram menos guiadas pelas chances de ganhar quando os recursos audiovisuais do cassino estavam presentes em nosso jogo de laboratório;, completou.

Vício

Em uma segunda etapa, em que os sons e as imagens foram retirados, os pesquisadores verificaram que os participantes demonstraram maior contenção em sua tomada de decisão. Os pesquisadores acreditam que essas constatações fornecem um contexto para identificar o motivo pelo qual pode ser difícil para aqueles com uma tendência ao vício do jogo resistirem à atração do cassino. ;Juntos, esses resultados fornecem uma nova visão sobre o papel desempenhado pelos sinais audiovisuais na promoção de escolhas arriscadas, e podem, em parte, explicar por que algumas pessoas persistem no jogo, apesar das chances desfavoráveis de ganhar;, ressaltou Mariya Cherkasova, pesquisadora da UBC que também participou do estudo.

Para os cientistas, as conclusões ajudam a entender melhor o vício em jogos de azar, o que, futuramente, pode render estratégias de intervenção. ;Esses resultados formam uma peça importante do quebra-cabeça em termos de nossa compreensão de como o vício em apostas se forma e persiste. Embora os estímulos sonoros e de luz possam parecer inofensivos, agora estamos entendendo que essas sugestões podem influenciar a atenção e encorajar tomadas de decisões arriscadas;, frisou. ;No geral, as pessoas correm mais riscos ao jogar em ambientes semelhantes aos cassinos, independentemente das probabilidades de ganho envolvidas;, assinalou Cherkasova.

"Usando a tecnologia eye-tracker (monitoramento de movimento ocular), pudemos ver que as pessoas estavam prestando menos atenção às informações quando imagens de dinheiro e jingles de cassino acompanhavam as vitórias. Também observamos que os participantes mostraram maior dilatação pupilar;
Catharine Winstanley, professora do Departamento de Psicologia da Universidade de British Columbia e principal autora do estudo

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