Agência France-Presse
postado em 16/11/2018 15:54
A meditação pode ser tão eficaz para tratar as vítimas de estresse pós-traumático (ESPT) quanto as terapias que já são usadas atualmente, de acordo com um estudo realizado com ex-soldados americanos publicado na revista científica Lancet Psychiatry nesta sexta-feira (16).
O ESPT pode ocorrer depois que uma pessoa vive uma experiência traumática relacionada, por exemplo, com a morte, a violência, ou uma agressão sexual.
Caracteriza-se, sobretudo, por recordações repetitivas, pesadelos, tentativas de evitar tudo o que possa lembrar o acontecimento, estado de irritabilidade e depressão.
Acontece principalmente entre vítimas de atentados e soldados, e calcula-se que 14% dos militares americanos que serviram no Iraque ou Afeganistão sofram de ESPT.
Entre os tratamentos atuais destaca-se a terapia por exposição. Esta consiste em expor gradualmente o afetado a situações, lugares, imagens, sensações, barulhos e cheiros associados ao evento traumático para que o seu organismo "se acostume" a não reagir de maneira tão intensa, reduzindo pouco a pouco o estresse.
Mas esta técnica é dolorosa para as vítimas de ESPT e entre 30% e 45% dos pacientes abandonam o tratamento, segundo o estudo.
Os pesquisadores de três universidades americanas testaram a meditação em um estudo com 203 ex-soldados afetados.
Os militares, mulheres e homens, foram distribuídos em três grupos: um praticou a meditação, o segundo a terapia por exposição e o terceiro recebeu um curso teórico sobre ESPT.
Dos ex-soldados que praticaram 20 minutos de meditação diariamente, 60% registraram uma melhora significativa dos sintomas, e este grupo foi o que mais pessoas chegaram até o final do estudo em relação aos que foram submetidos à terapia por exposição.
A meditação consiste em concentrar o espírito em algo concreto, como a respiração ou um objeto, para conseguir se concentrar no presente, que é denominado estado de plena consciência. Desta maneira, pode-se afastar de pensamentos ou sentimentos dolorosos.
Esta prática "pode ser feita sozinho, em praticamente todos os lugares e a qualquer momento, sem necessidade de um equipamento especializado ou de um apoio personalizado", indicou à AFP Sanford Nidich, autor principal do estudo.
"Diante do crescente problema que o ESPT apresenta em Estados Unidos, Grã-Bretanha e outros lugares do mundo, as terapias alternativas, como a meditação, devem fazer parte das opções oferecidas pelas autoridades de saúde", afirmou.