Ciência e Saúde

COP24 se aproxima de acordo para enfrentar mudança climática

O texto ainda não foi publicado e a sessão plenária prevista para esta manhã está sendo postergada

Agência France-Presse
postado em 15/12/2018 11:09
Polónia - Depois de uma noite de intensas negociações, a comunidade internacional reunida na COP24 em Katowice se aproximava, neste sábado (15/12), de um consenso para aplicar o Acordo de Paris, que pretende garantir o futuro das próximas gerações.

"A última versão do rascunho acaba de sair (...) O acordo está a nosso alcance", escreveu no Twitter o comissário europeu para a Ação pelo Clima e Energia, Miguel Arias Cañete.

O texto ainda não foi publicado e a sessão plenária prevista para esta manhã está sendo postergada.

Reunidos na cidade polonesa Katowice, representantes de quase 200 países analisavam o texto final após duas semanas de árduas negociações, marcadas pela urgência de atuar de acordo com os mais recentes relatórios científicos, mas também pela rejeição principalmente dos Estados Unidos de considerar a ameaça real.

O novo rascunho, se aprovado, "é suficientemente claro para que o Acordo de Paris seja aplicado", declarou à AFP a ministra espanhola da Transição Ecológica, Teresa Ribera.

A incógnita sobre a futura política climática do Brasil com Jair Bolsonaro na Presidência e os protestos dos "coletes amarelos" na França contra uma taxa ecológica também pesaram no desenrolar da 24; Conferência da ONU sobre o Clima, três anos depois das celebrações em Paris com o anúncio de um acordo histórico.

Com o aumento da temperatura de 1 grau centígrado em comparação à era pré-industrial e o avanço de 2,7% das emissões de gases do efeito estufa em 2018, os países mais vulneráveis tentaram chegar a um acordo ambicioso, com alertas sobre o risco de "extinção".

- A ciência, questionada pelos EUA -
Um grupo de países liderado pelos Estados Unidos - que participa nas negociações apesar de sua retirada do Acordo de Paris anunciada por Donald Trump - se opuseram a apoiar o informe.

Esta decisão chega depois que o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climática (IPCC) advertiu em outubro que o mundo não pode permitir um aumento da temperatura superior a 1,5;C, o que colocaria em risco o futuro da humanidade.

O detalhe é significativo porque toda a ação climática internacional deve ser baseada nos resultados científicos.

A polêmica ofuscou as duas questões cruciais abordadas na abertura da COP24: a elaboração das regras para aplicar o Acordo de Paris e a futura revisão dos compromissos nacionais de redução das emissões.

A primeira diz respeito a assuntos como a transparência - como os países podem verificar se cada um cumpre as sua promessas - e o financiamento, ou seja, de que maneira os países desenvolvidos acompanham os mais pobres na adaptação à mudança climática.

A segunda questão-chave implica a ambição. Embora os países tenham estabelecido em 2015 metas voluntárias de redução das emissões para conter o aquecimento a menos de 2;C, estas deveriam ser revisadas em 2020.

De acordo com o IPCC, mesmo com a aplicação dos objetivos do Acordo de Paris a temperatura subiria 3;C até o fim do século.

A 25; Conferência da ONU sobre Mudança Climática (COP25) será realizada no Chile, aprovaram na sexta-feira os países que participam da COP24.

O presidente chileno, Sebastián Piñera, confirmou o anúncio e disse que seu país aspirará a alcançar acordos que permitam um maior controle da mudança climática.

A COP25, que estava prevista para o fim do ano que vem, deve ser realizada em janeiro de 2020, segundo Piñera, visto que o Chile deve organizar em novembro o fórum Cooperação Econômica Ásia-Pacífico (APEC-2019).

No mês passado o Brasil cancelou seus planos de sediar esta reunião internacional, alegando restrições fiscais e orçamentárias, em pleno processo de transição para o governo do presidente eleito, Jair Bolsonaro.

A Costa Rica, que também tinha mostrado interesse em sediar a COP25, antes de retirar sua candidatura e deixar o caminho livre para o Chile, organizará a pré-COP, que costuma acontecer semanas antes.

A ministra chilena do Meio Ambiente, Carolina Schmidt, comemorou a decisão e o fato de que a conferência "permanecerá na região", definindo a tarefa como um "desafio enorme".

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