Ciência e Saúde

Estudo revela diferença entre quem tem ou não acompanhamento ao perder peso

Pesquisadores acompanham por um ano o processo de emagrecimento de 134 voluntários e constatam resultados melhores para os que receberam atendimento personalizado, com dicas dos especialistas. A diferença na balança chega a 7 quilos

Correio Braziliense
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postado em 20/04/2019 07:00
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Quando um paciente procura um especialista porque deseja ou precisa perder peso, receber atenção especial dos médicos é essencial para que o processo de emagrecimento tenha resultados positivos. Essa constatação foi feita em um estudo desenvolvido por cientistas da Universidade de Duke, nos Estados Unidos, e publicado no jornal especializado General Internal Medicine. Em um experimento científico, os pesquisadores compararam tipos distintos de atendimento a voluntários que buscavam emagrecer e observaram uma diferença de até sete quilos perdidos nos resultados obtidos entre os grupos, variando conforme a relação mantida entre os pacientes e os médicos.

O estudo foi realizado ao longo de um ano e contou com a participação de 134 pessoas que estavam acima do peso ;a maioria, mulheres. Todos tinham uma idade média de 51 anos. Além de problemas de peso, os participantes tinham complicações de saúde adicionais, como hipertensão e diabetes. No experimento, todo o grupo de voluntários foi convidado a aderir a um programa abrangente de perda de peso, que incluiu metas comportamentais personalizadas, material educacional, ligações de treinadores e mensagens de texto com dicas sobre perda de peso e relatórios de progresso.

Os participantes também realizavam consultas regularmente com os profissionais de saúde. Alguns médicos ou enfermeiros simplesmente instaram os pacientes, em termos gerais, a ;perder peso; ou ;se exercitar mais;. Outros profissionais, no entanto, deram conselhos específicos que reforçaram o programa abrangente de perda de peso, como encorajar os pacientes a procurarem treinadores.

Aqueles que receberam as recomendações aprofundadas conseguiram eliminar quase sete quilos a mais, em média. ;Apenas dizer a alguém para perder peso ou melhorar sua dieta ou atividade física não funcionou;, declarou Gary Bennett, professor de psicologia na Universidade de Duke, um dos autores do estudo científico. ;O médico deve encorajar a participação do paciente em um programa específico;, complementou o especialista.

Empatia


A empatia demonstrada pelos médicos também fez diferença. Segundo os autores, os pacientes que classificaram seus médicos ou enfermeiros como afetuosos e cuidadosos também perderam mais peso quando comparados aos que não receberam a mesma atenção dos especialistas. ;Os pacientes que se inscrevem em um programa de perda de peso devem considerar pedir a seus profissionais de saúde para verificar o seu progresso;, assinalou, em um comunicado à imprensa, Megan McVay, professora-assistente da Universidade da Flórida, nos Estados Unidos, e uma das autoras da pesquisa. ;Isso pode ajudar a mantê-los responsáveis. Também é importante ter um especialista que se importe mais com eles e que tenha simpatia em relação a como é difícil perder peso;, complementou a especialista.

Antes do estudo sobre conselhos genéricos para perda de peso, os cientistas realizaram outras pesquisas relacionadas ao emagrecimento. Em uma das mais recentes, eles descobriram que pessoas que rastreiam o que comem em aplicativos de perda de peso obtém mais sucesso do que outros que não realizam a mesma tarefa. ;Sabemos que o rastreamento é muito difícil para as pessoas, mas também sabemos que quanto mais você usa um aplicativo, mais [peso] você perde;, explicou Gary Bennett.

No estudo, Bennett e sua equipe orientaram 105 homens e mulheres, com idades entre 21 e 65 anos, a usar a versão gratuita de um aplicativo chamado MyFitnessPal. Divididos em três grupos, os participantes foram monitorados em relação ao que ingeriam. Todos perderam peso, porém aqueles que usaram o aplicativo por todo o tempo do estudo (três meses) emagreceram mais do que os que monitoraram as refeições por apenas um ou dois meses. ;Isso traz uma atenção plena para o que você está comendo;, declarou Jean Harvey, PhD, professor de nutrição e ciências da comida na Universidade de Vermont, nos Estados Unidos, e um dos autores do estudo.

Segundo os cientistas, antes de pedir uma sobremesa ou uma porção gigante de batatas fritas, as pessoas tendem a pensar: ;Se eu comer isso, tenho que anotar. Ao rastrear nossa comida em um aplicativo, não há como negar o excesso de calorias. Sim, pode ser entediante. Mas você não precisa fazer isso pelo resto da vida;, defendeu Bennet. Para o médico, o rastreamento por até uma semana pode fornecer informações valiosas e ajudar as pessoas a fazer mudanças. ;Com o surgimento de aplicativos mais fáceis de usar, quem já tentou no passado anotar as refeições, mas não obteve sucesso, pode dar uma nova chance ao método;, complementou.

;Apenas dizer a alguém para perder peso ou melhorar sua dieta ou atividade física não funcionou. O médico deve encorajar a participação do paciente em um programa específico;
Gary Bennett, professor de psicologia na Universidade de Duke


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