Agência France-Presse
postado em 15/05/2019 17:54
A sonda chinesa Chang;e-4, que pousou na face oculta da Lua no começo deste ano, teria descoberto restos de minerais procedentes do subsolo, cuja composição permanece desconhecida.
Os minerais encontrados (olivina e piroxênio com pouco conteúdo de cálcio) são diferentes dos presentes nas amostras da superfície lunar, revela um estudo publicado nesta quarta-feira (15) na revista Nature.
Em 3 de janeiro, a sonda Chang;e-4 fez a primeira alunissagem da história no hemisfério lunar que fica permanentemente oculto do ponto de vista da Terra.
A sonda pousou na cratera Von Karman, situada na Bacia do Polo Sul-Aitken, uma das maiores estruturas de impacto meteórico conhecidas no Sistema Solar.
Os cientistas esperam encontrar elementos do manto da Lua que saíram à superfície, devido ao violento impacto de um meteorito.
Ainda hoje a estrutura e a origem do satélite da Terra são temas de debate entre cientistas.
As características do subsolo e, em particular, sua composição continuam sendo desconhecidas e pouco documentadas, assegura Patrick Pinet, do Instituto de Pesquisa em Astrofísica e Planetologia em um comunicado publicado juntamente com o estudo.
A descoberta destes componentes "confirmaria que é possível tirar amostras nesta zona de materiais do manto lunar", o que seria inédito, acrescentou.
Segundo a hipótese mais aceita, denominada de "impacto gigante", a Lua foi criada há 4,5 bilhões de anos, quando a Terra primitiva sofreu o impacto de um corpo celeste do tamanho do planeta Marte, chamado Theia.
Esta colisão teria desprendido material da Terra, rochas e magma, e fundido os elementos pesados (ferro) dos dois corpos no núcleo terrestre.
Os materiais lançados ao espaço teriam se aglomerado em poucos milhares de anos para formar a lua. Inicialmente, teria sido apenas um oceano de magma que esfriou paulatinamente.
Os elementos mais leves ficaram na superfície e formaram a crosta, enquanto os minerais mais densos, como a olivina, caíram no manto lunar.
"Os dados obtidos pelo CE-4 mostram claramente que a olivina está presente em abundância no lugar da aterrissagem", disse à AFP Dawei Liu, da Academia Chinesa de Ciências.
Segundo o cientista, coautor do estudo, estes resultados reforçam a hipótese chamada "oceano de magma lunar".