Ciência e Saúde

Coronavírus: plataforma pode ajudar a minimizar o contágio

Pesquisador de Pernambuco desenvolve plataforma que pode ajudar no controle da disseminação do coronavírus

Correio Braziliense
postado em 20/03/2020 16:08
Pesquisador de Pernambuco desenvolve plataforma que pode ajudar no controle da disseminação do coronavírusUm aplicativo que consiga identificar quem ao redor está infectado com o novo coronavírus e ajude a acelerar o achatamento da curva epidêmica já existe, a dificuldade agora é colocar a plataforma que o possibilite no ar. Uma das pessoas à frente da pesquisa que levou à criação da plataforma, o epidemiologista computacional Jones Albuquerque, pesquisador do Laboratório de Imunopatologia Keizo-Asami (LIKA), da Universidade Federal de Pernambuc,o e do Instituto para Redução de Riscos e Desastres de Pernambuco explica que a plataforma está pronta para ir ao ar, só depende de financiamento.

O modo de operação da plataforma combinaria resultados de testes para o coronavírus com gráficos disponibilizados em tempo real. “O nível básico dessa plataforma são testes moleculares na população e uma das empresas que opera esses testes junto com o LIKA é a empresa Genômika”, explica Albuquerque, que é diretor da Epitrack, empresa especializada em dados epidemiológicos. “Assim que a técnica de laboratório realizar o exame, imediatamente os dados desse exame estarão na plataforma em gráficos em tempo real.”

Jones explica que a plataforma já foi testada em algumas ocasiões, como durante a Copa das Confederações, em 2013, quando o Saúde na Copa ajudou a controlar a epidemia de dengue e chicungunha. Entre 2015 e 2017, outro teste foi realizado nos Estados Unidos, já que a pesquisa tem parceria com o Massachusetts Institute of Technology (MIT), com uma plataforma chamada de Flu near you, colocado em funcionamento com o Boston Children Hospital. Durante os Jogos Olímpicos no Brasil, em 2016, o mesmo sistema foi usado para controlar os surtos de zika e chicungunha. “Em 2019, o Malaui entrou em estado de emergência por causa do ciclone Idai, que devastou Moçambique também, e a gente prestou assistência e colocou um protótipo dessa plataforma no ar”, conta Albuquerque. A tecnologia teria ajudado a controlar a disseminação da cólera nos dois países.

Segundo o epidemiologista, a plataforma auxiliaria no controle do coronavírus com muito mais eficiência do que as despistagens que têm sido feitas até agora. “Como funciona? A gente faz o exame, o indivíduo foi infectado liga o app dele e habilita ‘estou infectado’ e passa a andar com bluetooth ligado”, explica. “QUando outro indivíduo ligar o app para caminhar na rua, conseguirá saber em tempo real quem são os infectados próximos dele, assim vai conseguir andar em locais seguros mantendo distância segura porque o app vai avisar”.

O epidemiologista garante que o sistema minimiza o impacto da falta de reagentes para testes moleculares em falta. “A amostragem fractal calibra o teste de infectados e sorteia alguns no resto da população, por isso não precisa do teste em massa total. Claro, o teste em massa total é o mais fiel que poderíamos ter”, diz.

Para conseguir os R$ 4 milhões necessários para um mês de funcionamento do aplicativo, Jones Albuquerque colocou no ar um  crowdfunding  que já conta com mais de US$ 4 mil. A corrida, segundo ele, é contra o tempo porque, em breve, o Brasil vai atingir a curva do pico da doença. Além do dinheiro, a plataforma precisaria também da colaboração de outras plataformas, como Uber, Ifood, Google e Amazon, para integrar dados e otimizar a eficiência do aplicativo. “Preciso dos dados deles, preciso que eles abram as plataformas locais deles para que todas essas camadas possam integrar a plataforma para a gente poder abrir”, diz.

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