Ciência e Saúde

Propagação do novo coronavírus em SP, Rio e DF é maior do que se previa

São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília, segundo os pesquisadores, são as cidades que funcionam como eixo de disseminação para outras regiões

Correio Braziliense
postado em 26/03/2020 08:49
Rio de Janeiro sendo limpo por causa do novo coronavírusEm uma nota técnica, publicada na quarta-feira (25), cientistas da Universidade de Brasília (UnB) são categóricos em seu pedido para a população do Distrito Federal e do país: fiquem em casa. Esse é o recado dos pesquisadores em razão de uma análise feita pelo especialista em modelagem computacional Domingos Alves, líder do Laboratório de Inteligência em Saúde (LIS) da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (FMRP/USP).

De acordo com avaliação computacional do pesquisador, quando se leva em consideração os riscos para a população, Brasília pode passar São Paulo em números de casos nas próximas semanas, caso a quarentena seja revogada. Até o momento, os pesquisadores ressaltam que a capital registra um número relativamente baixo de novas infecções, enquanto no estado mais populoso do país a curva de novos casos tem alta acentuada.

De acordo com o modelo apresentado, enquanto São Paulo registraria 3.886 casos, Brasília teria mais de 10 mil. Informações do Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde revela que o DF tem hoje 6.705 leitos hospitalares (3.959 públicos e 2.746 privados) e 1.668 leitos de cuidados intermediários e intensivos (383 públicos e 1.285 privados). No entanto, em um crescimento da epidemia na capital, seriam necessários muito mais leitos para suprir a necessidade. Se o sistema de saúde colapsar, e os pacientes não encontrarem vagas em UTIs, as mortes se aceleram.

"Assim, medidas amplas de isolamento, quarentena e restrição do contato social são fundamentais para que possa ocorrer uma desaceleração da propagação da epidemia", descrevem os pesquisadores da UnB, em comentário aos resultados do estudo da USP. Os dados são baseados no número de casos do dia 20 de março, e podem sofrer alterações ao longo do tempo com a evolução da infecção.

De acordo com a nota técnica, a análise reforça que a situação e a estratégia de combate ao vírus deve levar em conta as necessidades e características regionais de cada município. Assim como os dados devem ser fornecidos de forma detalhada aos gestores e a população. 
 

Subnotificações


Atualmente, o Ministério da Saúde confirma que o Brasil tem 2,2 mil casos de infecção pelo novo coronavírus e 47 mortes (48 com uma registrada em Luziânia). Mas os dados podem não representar bem a realidade, em decorrência de pessoas infectadas e até que morrem com o vírus sem saber que foram acometidos pela Covid-19.

Um estudo realizado por pesquisadores da London School of Hygiene & Tropical Medicine, na Inglaterra, estima que os casos notificados no Brasil representam aproximadamente apenas 11% do total. Os pesquisadores da UnB apontam que é necessário realizar testes em massa, manter o comércio, escolas e universidades fechadas e fornecer dados claros para uso da ciência no combate a doença. "Qualquer atraso na implementação das ações pode implicar em repercussões muito graves, com número crescente de óbitos e aumento substancial da dificuldade para controle da transmissão, a médio e longo prazo. Por isso, é fundamental que todos fiquem em casa. Reiteramos a importância da ciência para a manutenção da vida humana", destacam os cientistas. 
 

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