Correio Braziliense
postado em 31/05/2020 12:10
Os dois astronautas da Nasa entraram neste domingo (31/5) na Estação Espacial Internacional (ISS), após 19 horas de viagem, na primeira vez em quase uma década que uma nave americana tripulada conclui esta manobra.A escotilha entre a ISS e a cápsula Crew Dragon da SpaceX foi aberta às 17h02 GMT. Pouco depois, os astronautas americanos Bob Behnken e Doug Hurley entraram na estação espacial, onde se reuniram com os atuais residentes da estação.
Os dois homens, vestindo camisas pólo pretas e calças cáqui, foram recebidos pelo colega americano Chris Cassidy, bem como pelos cosmonautas russos Anatoli Ivanishin e Ivan Vagner.
Os cinco homens posaram para fotos e, em seguida, o administrador da NASA, Jim Bridenstine, falou com a equipe do controle da missão em Houston.
"Bem-vindo, Bob e Doug", disse Bridenstine. "Vou lhes dizer que o mundo inteiro viu essa missão e estamos muito, muito orgulhosos de tudo que fizeram pelo nosso país".
"É genial voltar a colocar os Estados Unidos nos lançamentos tripulados e estamos realmente felizes por estarmos a bordo deste magnífico complexo", respondeu Hurley, que comandou a cápsula do Crew Dragon.
[SAIBAMAIS]O chefe espacial russo, Dmitry Rogozin, também parabenizou a NASA e Elon Musk, chefe da empresa aeroespacial privada SpaceX que construiu a cápsula.
A cápsula passou 19 horas perseguindo a estação em velocidades de até 28.000 km/h, antes de se alinhar com seu objetivo e desacelerar para executar o delicado procedimento de atracação, que ocorreu no norte da China.
Pandemia e protestos
Durante a estadia, Behnken e Hurley realizarão mais verificações na cápsula para certificar que tudo está em boas condições para os Estados Unidos viajarem para a ISS por empresas privadas.
A Nasa teve que confiar nos foguetes russos da Soyuz desde que o programa de ônibus espaciais terminou em 2011.
Os Estados Unidos pagaram à SpaceX e à gigante aeroespacial Boeing um total de aproximadamente US$ 7 bilhões em contratos de "táxi espacial".
Mas o programa da Boeing fracassou após um teste frustrado no final do ano passado, deixando a SpaceX, uma empresa fundada em 2002, como uma clara favorita para continuar a corrida espacial.
O lançamento ocorreu enquanto o mundo enfrenta a pandemia de coronavírus e os Estados Unidos enfrentam protestos em todo o país após a morte em Minneapolis de um homem negro nas mãos de um policial branco.
Falando com Bridenstine, Hurley disse que esperava que a missão inspirasse jovens americanos. "Esse foi um esforço feito nos tempos sombrios que tivemos que experimentar nos últimos meses e que poderemos expor para inspirar, especialmente os jovens dos Estados Unidos, a alcançar objetivos nobres", escreveu ele no Twitter.
Primeiro passo rumo a Marte
A viagem da cápsula começou na tarde de ontem, quando a mesma decolou do Centro Espacial Kennedy, impulsionada por um foguete Falcon 9 de duas estapas, da SpaceX.
"Estou realmente muito emocionado", disse Musk. "Foram 18 anos trabalhando com este objetivo. Provavelmente, este é o primeiro passo de uma jornada até a civilização em Marte", apostou o fundador da SpaceX.
Em breve entrevista do espaço, Doug Hurley disse que, para manter a tradição, ele e Behnken batizaram a cápsula em que viajaram de "Endeavour", em homenagem ao ônibus espacial desativado que tripularam.
A missão, chamada "Demo-2", põe fim ao monopólio governamental das viagens espaciais e, como teste final, permite à Nasa certificar a cápsula para realizar missões tripuladas regulares.
A missão da Crew Dragon transcorre em meio à pandemia do novo coronavírus e a uma explosão de violência em várias cidades americanas devido à morte de um homem negro pela polícia na cidade de Minneapolis, em Minnesota.
Da Rússia com surpresa
A Rússia parabenizou os Estados Unidos, mas neste domingo insinuou desconforto com o frenesi desencadeado pelo que muitos consideraram como o início de uma nova era.
"Realmente não entendemos a histeria causada pelo lançamento bem-sucedido da espaçonave Crew Dragon", disse o porta-voz da Roscosmos, Vladimir Ustimenko.
Espera-se que a cooperação entre os Estados Unidos e a Rússia continue assim que o Crew Dragon entrar em serviço.
A Nasa ainda planeja usar foguetes da Soyuz para enviar alguns astronautas ao espaço, e cada assento custará cerca de US$ 80 milhões.
A ideia de uma missão tripulada a Marte é discutida desde a década de 1950, e a Nasa encomendou vários estudos, sem qualquer sucesse até o momento.
Os Estados Unidos agora planejam retornar à Lua em 2024, estabelecendo uma plataforma de lançamento para o planeta vermelho na década de 2030.
Notícias pelo celular
Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.
Dê a sua opinião
O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.