Ciência e Saúde

Estudo desvenda por que esmalte dentário tem características protetoras

Os dados devem contribuir para o desenvolvimento de novos tratamentos para cáries

Correio Braziliense
postado em 02/07/2020 06:00
Descoberta poderá ajudar no desenvolvimento de novos tratamentos contra a cáriePesquisadores americanos descobriram detalhes ligados à estrutura do esmalte do dente, um dos tecidos mais mineralizados do corpo humano e que tem função protetiva. Por meio de análises tecnológicas avançadas, eles identificaram um pequeno número de moléculas que pode contribuir para a resistência desse material e, ao mesmo tempo, deixá-lo solúvel. Os novos dados foram apresentados na última edição da revista Nature e devem contribuir para o desenvolvimento de novos tratamentos para cáries.

Derk Joester, pesquisador da Universidade de Northwestern, nos Estados Unidos, explica que o esmalte dos dentes foi evoluindo para ser duro e resistente ao desgaste. “Isso para suportar as forças associadas à mastigação. Mas eles têm um potencial muito limitado para se regenerar”, complementa um dos autores do estudo.

Um grande obstáculo nas pesquisas sobre o esmalte do dente é que ele tem uma estrutura complexa, com uma série de elementos com escalas variadas de comprimento. Trata-se de  um tecido repleto de camadas, compostas por milhares de cristalitos de hidroxilapatita, partículas com largura de cerca de dezenas de nanômetros (um nanômetro equivale a um bilionésimo de 1 metro).

Usando técnicas quantitativas de escala atômica, que permitem análises biomoleculares extremamente detalhadas, a equipe descobriu que os cristalitos do esmalte humano têm uma estrutura de núcleo-casca. No núcleo, está presente um número extenso de íons de magnésio, sódio, carbonato e fluoreto, divididos em duas camadas. “Os íons de magnésio formam duas camadas de cada lado do núcleo, como o menor sanduíche do mundo, com apenas 6 bilionésimos de metro de diâmetro”, detalha Joester.

Bactérias

Essa estrutura é a responsável pela resistência do esmalte, mas pode também torná-lo mais fácil de ser dissolvido por agentes externos, como bactérias causadoras das cáries. Para os autores do estudo,  o raio X inédito obtido no trabalho abre as portas para técnicas que ajudem a tornar a estrutura do esmalte mais forte. “A capacidade de visualizar gradientes químicos até a nanoescala aprimora nossa compreensão de como o esmalte pode se formar e pode levar a novos métodos para melhorar a saúde dele”, justifica Joester.

Paul J.M. Smeets, também autor do estudo, complementa: “Nossa pesquisa ajuda a entender como o esmalte se forma, e isso deve ajudar no desenvolvimento de novas intervenções e novos materiais para prevenir e tratar a cárie. Esse conhecimento poderá ajudar ainda a prevenir ou diminuir o sofrimento de pacientes com defeitos congênitos do esmalte”.

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