Correio Braziliense
postado em 08/07/2020 11:42
Paris, França - As complicações da covid-19 que afetam o cérebro, potencialmente fatais, como um acidente vascular cerebral, delírios, alucinações ou lesões nervosas, podem ser mais comuns do que se pensava inicialmente, alertou nesta quarta-feira uma equipe de médicos britânicos.Sabe-se que infecções graves por covid-19 apresentam riscos aumentados de complicações neurológicas, mas pesquisas da University College London (UCL) sugerem que problemas sérios podem ocorrer mesmo naqueles com formas leves da doença.
A equipe analisou os sintomas neurológicos de 43 pacientes hospitalizados por covid-19 confirmada ou suspeita. Entre eles, dez casos de disfunção cerebral temporária, 12 casos de inflamação cerebral, oito derrames e oito casos de lesões nervosas.
A maioria dos pacientes com inflamação foi diagnosticada com encefalomielite aguda disseminada (ADEM, também conhecida como encefalite pós-infecciosa), uma condição rara comumente vista em crianças após infecções virais.
"Identificamos um número acima do esperado de pessoas com distúrbios neurológicos (...), que nem sempre estavam correlacionados com a gravidade dos sintomas respiratórios", segundo Michael Zandi, do Queen Square Institute of Neurology da UCL.
O estudo, publicado na revista especializada Brain, mostra que nenhum dos pacientes diagnosticados com problemas neurológicos tinha o vírus da COVID-19 no líquido cefalorraquidiano, sugerindo que o vírus não atacou diretamente o cérebro.
"Como a doença existe há apenas alguns meses, ainda não sabemos que danos a longo prazo a covid-19 pode causar", observa Ross Paterson, do Queen Square Institute of Neurology.
"Os médicos devem estar cientes dos possíveis efeitos neurológicos, pois o diagnóstico precoce pode melhorar os resultados sobre a saúde do paciente", apontou.
Com mais de 11 milhões de infecções confirmadas em todo o mundo, sabe-se que, além dos danos nos pulmões, a covid-19 pode levar a uma variedade de complicações de saúde.
Saiba Mais
"A grande atenção dada a esta pandemia torna muito improvável que ocorra uma grande pandemia paralela de dano cerebral incomum ligada à coivd-19", acredita Anthony David, diretor do Instituto de Saúde Mental da UCL.
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