Para Francisco Vila, consultor Internacional e representante da Sociedade Rural Brasileira (SRB), os novos processos de sucessão em empresas e no campo passam pela mudança do foco técnico para o empresarial. ;É preciso deixar um pouco de lado a escolha da semente e o conserto do trator para lidar com a visão de mercado, os balanços financeiros e a negociação com o banco. É preciso melhorar a gestão como um todo;, afirmou.
O especialista apontou que a quarta revolução industrial, que está a pleno vapor, também afetou com força a área rural. ;A agricultura velha morreu. Hoje, o empresário faz uso da biotecnologia, nanotecnologia, para ter sementes melhores, solo fértil e novas formas de irrigação controlada. E toda essa inovação precisa ser gerenciada de forma empresarial;, reafirma.
Mudar velhos hábitos e tradições ainda é um entrave para a juventude no campo, pois envolve fatores emocionais. ;É difícil para um fazendeiro de 50 ou 60 anos deixar de tirar o leite da vaca todo dia pela manhã, porque o filho arrumou um robô que pode fazer isso;, ressaltou.
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Para enfrentar as mudanças rápidas do futuro, o especialista apontou que é preciso desenvolver inteligência social e acompanhar de forma natural o processo. O negócio não ocorre mais dentro da porteira, como se costuma dizer, ele passa a envolver toda uma cadeia, com gerentes, banco e vizinhos. ;Daqui a cinco décadas, os métodos de produção também serão outros, pois os processos mudam o tempo todo e ficam mais complexo e mais dinâmico;, refletiu.
Nesse futuro, o sucessor não é mais um fazendeiro, ele passa a ser um empreendedor.A competitividade dos sistemas e dos processos mostra que é preciso ter um gerenciamento colegiado, assinalou Villa. Na avaliação dele, os novos processos de sucessão passam pela captação e motivação contínua das pessoas. ;No modelo atual, o dono manda e assume a responsabilidade de tudo. Mas, no futuro, o dono passará a ser um gestor de pessoas por meio da gestão de informação. Ele não precisará ter o conhecimento para gerenciar, apenas contato com quem sabe e quem pode acessar de forma eficiente para uma solução específica;, ressaltou. ;Ele sai dessa atividade diária para aconselhar e orientar os jovens a lidar com essa tecnologia;, complementou.
Governança
Os produtores rurais estão se adpatando aos novos tempos e recorrendo cada vez mais à profissionalização dos negócios. Isso passa pela adoção de um sistema de governança, de forma a definir responsabilidades e a dar maior transparência a todas as decisões. O objetivo é tornar menos onerosa e mais tranquila a sucessão familiar. Há casos em que os herdeiros não estão interessados em comandar os negócios.