Três anos depois de uma brutal recessão, o Produto Interno Bruto (PIB) industrial deve subir 0,2% este ano e crescer 3% em 2018, projeta o gerente de Política Econômica da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Flávio Castelo Branco. Para ele, a reação do consumo foi crucial para puxar a alavanca da atividade econômica este ano e tirar o setor de três anos seguidos de retração, ;infelizmente sem a companhia da construção civil;.
;Porém, o consumo não pode ser o motor do novo ciclo de crescimento. As bases para a retomada não devem estar na reativação simples do consumo, mas, sim, na criação de condições para o investimento privado e o aumento da produtividade;, afirma Castelo Branco. O consumo expandiu com a combinação de inflação e juros em queda, ambiente externo favorável, mais emprego e renda e recuo na dívidas das famílias.
Para garantir o investimento, defende o especialista, ;primeiro é preciso tirar do ar certas incertezas;. ;E aí, o lado fiscal preocupa;, diz. ;As reformas, como a da Previdência, são imperiosas. Podem não ser suficientes, mas algo tem que se feito já, é urgente;, destaca Castelo Branco.
O economista chama a atenção para a medida do Supremo Tribunal Federal (STF), que determinou o pagamento de reajuste dos servidores públicos no ano que vem, com gastos de mais de R$ 4,4 bilhões. ;O setor privado não teve aumento salarial nesses anos de crise e os trabalhadores perderam emprego. O servidor manteve o emprego e ainda teve elevação de salário. Ele pode e deve contribuir mais;, alerta.
O gerente da CNI destaca a necessidade de manutenção do bom desempenho macroeconômico atual, ;e, com ele, a garantia de um ambiente de negócios, com segurança jurídica;. O excesso de burocracia, que encarece o custo Brasil, tem que ter sua flexibilização na agenda microeconômica. ;Atrasar o licenciamento de um empreendimento significa custo, prejudica a rentabilidade;, frisa.
;Se o investimento privado deve ser a alavanca, a mola do crescimento, pela ausência absoluta de recursos do setor público, é preciso criar condições para que ele tenha atratividade e lucratividade;, afirma. O especialista ressalta que o ambiente de queda do juro pode canalizar a poupança interna para o setor produtivo.
;O Brasil cresceu, na década passada, mais do que a média dos países desenvolvidos, porque a produtividade aumentou. As empresas buscaram mais eficiência;, lembra Castelo Branco, ressaltando que faltou continuidade. Somente com a crise recente, as empresas retomaram os ajustes. Na opinião dele, o aumento da produtividade é a única forma sustentável de garantir o crescimento da renda per capita para as gerações futuras. É o verdadeiro passe para o desenvolvimento. As nações asiáticas mostraram isso. Para ele, o investimento ajuda no ganho de produtividade, porque traz inovação tecnológica.
Outro ponto destacado pelo gerente da CNI é que a indústria precisa voltar a ser, também, um fator determinante para o crescimento da economia brasileira. ;A recessão no setor industrial fez a taxa de crescimento da economia despencar;, assinala. ;Os períodos em que o Brasil cresceu mais foram justamente aqueles em que a indústria liderou a expansão da atividade econômica. Temos que ter um parque industrial forte, inovador, e com capacidade de colocar seus produtos no exterior;, defende.
- Competitividade
A indústria perdeu competitividade nos últimos anos porque seus custos subiram mais do que a produtividade, de acordo com o gerente executivo de Política Econômica da CNI, Flávio Castelo Branco. ;A indústria é fundamental para ajudar o país a ter, de volta, um bom ritmo de crescimento. Mas, para isso, é necessária a recuperação da produtividade, sobretudo do capital humano;, avalia.