Exame Toxicologico

Obrigatoriedade de exame toxicológico reduz acidentes rodoviários

De acordo com pesquisadores da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ) e da Universidade de São Paulo (USP), o teste aleatório feito nas ruas levaria mais de 40 anos para testar 80% dos motoristas do país, enquanto o exame do cabelo examina 100% dos condutores em 2,5 anos

postado em 10/05/2017 16:02
De acordo com pesquisadores da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ) e da Universidade de São Paulo (USP), o teste aleatório feito nas ruas levaria mais de 40 anos para testar 80% dos motoristas do país, enquanto o exame do cabelo examina 100% dos condutores em 2,5 anos

Um ano depois da vigência da lei que obriga os motoristas profissionais a fazerem o exame toxicológico, o resultado é uma queda em torno de 30% do número de acidentes nas estradas. Anualmente, o trânsito causa mais de 50 mil mortes em dois milhões de acidentes. Para o presidente do Instituto de Tecnologias para o Trânsito Seguro (ITTS), Márcio Liberbaum, o teste toxicológico causou uma revolução no trânsito. ;O teste está salvando vidas. É uma tecnologia que agrega valor à cidadania. Com 90 dias conseguimos saber o comportamento dos usuários de drogas e verificar como eles agem, o que usam e limpar as estradas", disse Liberbaum.

O Brasil gasta R$ 240 bilhões por ano com acidentes de trânsito, de acordo com o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) e Funenseg.

[SAIBAMAIS]Para Liberbaum, o exame toxicológico ; feito com fios de cabelo ; representa uma quebra de paradigma na tecnologia de identificação da presença de drogas no organismo humano. Nos exames utilizados até então, de sangue, urina e saliva, os metabólitos das drogas desaparecem em, no máximo, 72 horas. O exame de larga janela identifica a presença destes mesmos metabólitos por, no mínimo, 90 dias, o que permite verificar o comportamento e a regularidade no uso de substâncias psicoativas.

Determinadas substâncias psicoativas produzem incapacitação permanente para o exercício de profissões de risco. Isso porque, quando um usuário regular não está sob o efeito da droga da qual faz uso, está sob o efeito da síndrome de abstinência. ;O exame toxicológico identifica e retira desses usuários o direito de nos acidentar, ferir e matar. O exame toxicológico é, portanto, uma importante ferramenta de segurança pública destinada a preservar o compartilhamento seguro de nossas ruas e estradas;, defendeu Liberbaum.

Um estudo do ITTS mostra que mais de 592 mil motoristas em todo o Brasil não renovaram suas habilitações desde que o exame começou a ser exigido. Desse total, 10% migraram para categorias que não exigem o exame. Outros 20% simplesmente não renovaram a CNH. Essa parcela representa a enorme positividade escondida. Sempre haverá os que continuarão sem carteira. ;A eficácia é comprovada, seja porque o motorista parou de se drogar para fazer o exame no futuro, nas condições adequadas, seja porque não consegue abandonar as drogas e decidiu mudar para outra categoria que não exija o teste;, ressalta o presidente do ITTS.

Alcance rápido

Pesquisadores da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ) e da Universidade de São Paulo (USP) compararam o exame toxicológico preventivo com a aplicação de um exame repressivo, como os realizados em uma blitz. O resultado mostrou que o teste aleatório feito nas ruas levaria mais de 40 anos para testar 80% dos motoristas do país, enquanto o exame do cabelo examina 100% dos condutores em 2,5 anos.

Os dados do Ministério do Trabalho, mostram que os motoristas profissionais, principalmente os caminhoneiros, são os que mais morrem no exercício da profissão, ;muito mais que policiais;, frisou Liberbaum. E nos acidentes no trânsito são desperdiçados ;R$ 50 bilhões por ano, o que representa R$137 milhões por dia;, exemplificou. Somadas às mortes no trânsito, são 700 mil vítimas que, em grande parte, acabam afastadas do mercado de trabalho e que deixam de gerar anualmente R$ 198 bilhões, segundo a Funenseg.

O motorista profissional recebe uma permissão especial do estado brasileiro, para prover seu sustento e de sua família, dirigindo por longas jornadas veículos grandes e pesados, nas mesmas ruas e estradas utilizadas por toda a população brasileira. Deve, portanto garantir que exercerá seu ofício sem colocar em risco a vida de todos.

Liberbaum acredita que os números só não estão melhores por causa do não cumprimento das medidas por parte das empresas. Segundo a legislação vigente, os motoristas contratados em regime de CLT devem fazer o exame na admissão e na demissão. ;Quando cruzamos os dados fornecidos pelos laboratórios credenciados com os números do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED, do Ministério do Trabalho), verificamos que apenas 3% das empresas têm cumprido essa norma. É preciso intensificar a fiscalização por parte dos órgãos competentes;, cobrou ele.



Dados regionais

(emissão e renovação de CNH das categorias C, D e E)

Distrito Federal
redução de 29,4%

São Paulo
redução de 36,1%

Minas Gerais
redução de 19,4%

Rio de Janeiro
redução de 45,5%

Mato Grosso
redução de 26,3%

Mato Grosso do Sul
redução de 36,7%

Santa Catarina
redução de 31%

Rio Grande do Sul
redução de 36,2%

Paraná
redução de 27,1%

Pernambuco
redução de 25%



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