O Brasil precisa adequar a mão de obra à quarta revolução industrial para não perder novamente o bonde da história e ficar ao largo, como ocorreu no processo de integração global dos meios de produção. Na avaliação de André Portela, professor de Políticas Públicas da Escola de Economia de São Paulo da Fundação Getulio Vargas (FGV), para evitar isso, é necessário pensar em um processo de capacitação envolvendo jovens e idosos para ocuparem as profissões que devem surgir nas próximas décadas.
Pelas contas do analista, a indústria 4.0 poderá eliminar 75 milhões de empregos, mas, certamente, criará outros 130 milhões. ;Toda revolução tecnológica implica no surgimento de novas ocupações e no desaparecimento das velhas. No resultado líquido, o emprego aumenta;, explica Portela, destacando que as novas ocupações exigirão tarefas analíticas não rotineiras e interpessoais. ;Essas são as habilidades requeridas em qualquer lugar do mundo;, pontua.
Imigração
O acadêmico defende que a agenda de reformas do novo governo nivele as condições de competição das empresas para que as mais competentes sobrevivam. Nesse processo, será fundamental qualificar a mão de obra a fim de lidar com as tecnologias que estão surgindo. Os mais velhos precisarão ser retreinados. Ele defende também uma maior abertura para a imigração de profissionais. ;Não somos fechados apenas para o comércio de bens e serviços. Somos fechados para imigrantes. O mundo é globalizado. Por que não aproveitar e trazer pessoas qualificadas para aprendermos com elas?;
Para Portela, a produtividade do país está estagnada ;há décadas; devido à dificuldade para empreender, devido ao Custo Brasil e ao emaranhado do sistema tributário, que afugentam o investidor. Ele critica os incentivos mais focados nas pequenas empresas, que evitam crescer para não pagarem mais impostos. ;Nos Estados Unidos, as empresas nascem pequenas e as que sobrevivem no mercado altamente competitivo acabam se tornando grandes. No Brasil, elas continuam pequenas porque é caro crescer no ambiente que não estimula a competição. Temos uma UTI para pequenas empresas improdutivas;, critica.