Diversão e Arte

Comédias românticas levam o público de volta às salas de cinema

postado em 20/06/2009 17:14
Rio de Janeiro - Neste fim de semana em que A mulher invisível, de Claudio Torres, rompe a fronteira de um milhão de espectadores - em menos de três semanas em cartaz -, o cinema brasileiro tem razões para sorrir: de janeiro para cá, o crescimento em relação aos sofríveis números de 2008, quando vendeu 8.820.000 ingressos, foi de 167%. No lápis, impulsionada pelo desempenho com fôlego de blockbuster de Se eu fosse você 2, o maior êxito comercial da retomada (agora em DVD), e Divã, ainda em cartaz, a produção nacional totalizou 10.139.157 pagantes em cinco meses e 20 dias. No ano passado, só Meu nome não é Johnny, de Mauro Lima, entrou para o clube do milhão. Cauã Reymond e Lilia Cabral em Divã: quase 2 milhões de espectadores"Pelo filme que é, A mulher invisível tem chance de chegar a 3 milhões de espectadores. Divã, que estreou em abril, está indo para 2 milhões. Um ano que abre com um sucesso de 6 milhões de pagantes como Se eu fosse você 2 tem tudo para fechar as contas como um ano maravilhoso", prevê Paulo Sérgio Almeida, diretor do site Filme B, que analisa a renda do cinema no país. "A ocupação de tela dos filmes brasileiros no mercado neste momento é de 19%. No ano passado, no mesmo período, foi de 9,4%". É uma explosão. Amparado na química entre Selton Mello e Luana Piovani, A mulher invisível virou o sucesso da vez da filmografia nacional, cuja frente documental avança à força de Simonal - Ninguém sabe o duro que dei, com 54 mil pagantes e um boca a boca invejável. Diretor da love story entre Selton e uma beldade imaginária, Claudio Torres, que lançou Redentor em 2004 e A mulher do meu amigo em 2008 sem o mesmo êxito, recorre a lições que aprendeu com a mãe, a atriz Fernanda Montenegro, e o pai, o ator e diretor Fernando Torres (1929-2008), para entender a nova configuração do Brasil nas telas. "Fui criado por meus pais, atores de teatro, com uma relação direta com a bilheteria. Se a peça que eles montavam ia bem, tinha dinheiro para um presente melhor ou uma viagem de férias. Se não ia bem, eles apertavam o cinto da família inteira". Segundo Torres, o mercado espera o sucesso comercial da operação artística: "Cinema é a forma de arte mais cara que o ser humano já produziu". A marca de um milhão torna seu filme viável economicamente para o mercado. Quando alcançada, toda a cadeia ganha dinheiro, e isso melhora as chances de fazer um novo filme. Mas filmes precisam ter algo para dizer. A questão dos exibidores agora é saber o que os diretores agendados para lançar longas-metragens no segundo semestre têm a dizer para atrair plateias e tentar repetir a marca histórica de 2003. Naquele ano, Carandiru, Lisbela e o prisioneiro, Os normais, Maria, a mãe do filho de Deus, Xuxa abracadabra, Didi - O cupido trapalhão e Deus é brasileiro garantiram ao cinema nacional a ocupação de 22% do mercado, rivalizando com Hollywood. Próximos lançamentos Nas próximas semanas, adversários estrangeiros vão brigar para diminuir a ocupação de 19% do mercado por brasileiros: Transformers - A vingança dos derrotados, que estreia nesta terça-feira; A era do gelo 3, que, dirigido pelo carioca Carlos Saldanha, está agendado para 1º de julho; e Harry Potter e o enigma do príncipe, marcado para 17 de julho. O próximo filme nacional a entrar em grande circuito será Jean Charles, de Henrique Goldman. Estrelado por Selton Mello, ele estreia na próxima sexta-feira com 120 cópias. "Embora Os normais 2, que estreia em agosto, seja uma aposta, e se fale muito de Salve geral, de Sergio Rezende (agendado para outubro), o segundo semestre nunca vai ser igual ao primeiro, em que chegamos a 10 milhões de espectadores centrados praticamente em três filmes", diz Luiz Severiano Ribeiro, diretor do Grupo Severiano Ribeiro. A fala de Ribeiro é quase um alerta: pelo cronograma de lançamentos divulgado pela Filme B, até dezembro, Os normais 2 será o único representante com forte aporte de mídia da comédia popular, gênero responsável pela injeção de ânimo nas bilheterias brasileiras. Outros representantes do riso, como Um romance de geração, que chega em julho, e Todo mundo tem problemas sexuais, prometido para agosto, não chegarão às telas com dezenas de cópias. "Se O bem amado, de Guel Arraes, que está marcado para janeiro de 2010, fosse antecipado, seria mais fácil repetir os 22% de 2003", diz Paulo Sérgio Almeida, para quem há uma ausência grave no segundo semestre. "A maior lacuna da produção nacional é a ausência de editais de roteiros para filmes infanto-juvenis. Faltam filmes para esses públicos, antes atendidos por Xuxa e Renato Aragão". Segundo a Conspiração Filmes, produtora de A mulher invisível, o parque exibidor poderá contar com Xuxa em O fantástico mistério de Feiurinha em dezembro. "O problema é que os últimos filmes da Xuxa fizerem uma bilheteria aquém do que costumavam fazer", diz Severiano Ribeiro. "Seria bom ter novos filmes dela e do Renato. Mas se não houver...". Os 10 mais vistos 1. Se eu fosse você 2: 6.090.168 2. Divã: 1.747.572 3. A mulher invisível: 1.000.000 4. O menino da porteira: 654.695 5. O Grilo Feliz e os insetos gigantes: 318.710 6. Verônica: 99.911 7. Budapeste: 67.912 8. Surf adventures 2: 56.289 9. Simonal - Ninguém sabe o duro que dei: 54.412 10. Fiel: 49.488 Fonte: SDRJ / Pesquisa: Filme B

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