Quando foi anunciado que o cantor Michael Jackson havia sofrido uma parada cardíaca a maioria dos brasilienses nas ruas da cidade levou um bom tempo até acreditar. O fato era sempre recebido com a mesma sequência de reações: expressão de susto, um suspiro e um murmúrio de indignação. ;Eu não estou conseguindo assimilar isso. Ele não pode ter morrido;, repetia incessantemente a estudante de odontologia Thaise Diniz, 22. A moça não é da geração que chegou a vê-lo no auge do sucesso. Mas isso é a prova que ninguém foi indiferente à morte do astro pop.
Fã da música Thriller e técnico em eletrônica, Jaílson Rocha, 31 anos, foi a um bar da cidade comemorar o aniversário com os amigos quando ficou sabendo pelo telão do local que Michael Jackson havia morrido. ;Esse é o pior presente que eu poderia receber;, lamentou. ;Eu sou tão fã que, para mim, ele é só Michael. Nem uso o Jackson quando me refiro a ele;. Rocha, no embalo do desabafo, ainda relembrou: ;Eu li há quatro meses que ele tinha apenas 2 meses de vida. Mas eu não conseguia acreditar que ele ia morrer. Achei que era calúnia das revistas para fazer manchete, como fizeram tantas vezes nos últimos anos de vida dele;.
[SAIBAMAIS]
Revolução
Essa complicada trajetória pessoal do cantor, mencionada por Jaílson, ficou marcada na memória das pessoas e tornou-se um dos tópicos de discussão entre os brasilienses. A estudante de turismo Tatiana Pinheiro, 21 anos, avaliou: ;Ele tinha uma carreira musical rica, mas eu não me lembro de vê-lo no auge da sua produção;.
Mas apesar das acusações na vida pessoal, a palavra favorita escolhida pelos entrevistados para definir Michael Jackson foi ;ídolo;. O senso comum nas ruas de Brasília ; certamente o mesmo em todo o mundo ; é que ele marcou época. ;Foi o último grande ícone da música pop;, constatou o estudante Tiago Dores, 28 anos. A maioria dos fãs destacou o disco Thriller como o principal trabalho do artista. ;Thriller me marcou e lembra uma fase legal da minha vida, de uma geração que acreditava em outras coisas;, ressaltou a bancária Divina Alves, 41 anos.
O empresário Jarbas Machado, 40 anos, conta que ficou em estado de choque com a notícia. Ele passou a adolescência escutando os sucessos de Michael Jackson. ;É uma perda enorme para a música, ele marcou a minha geração, que cresceu nos anos 1980. É o artista que representa a época da qual faço parte;, destacou.