postado em 30/06/2009 10:13
Janelas eternizadas que se abrem para o mundo e para lembranças de tempos passados. Trinta telas, pintadas em acrílico pela artista plástica Malu Perlingeiro, vão dar ao público a chance de passear por esse universo na exposição Janelas da alma, a partir desta terça, no Espaço Chatô. Carioca radicada em Brasília desde 1994 (ela começou a pintar dois anos depois), a artista credita a paixão pelo tema a sua criação em um subúrbio do Rio de Janeiro, "onde as pessoas conversavam pela janela, sentavam-se em cadeiras nas calçadas".
Desde que começou a dominar os pincéis sobre as telas, apesar de transitar pelas pinturas figurativas e de paisagem, são as janelas (e às vezes portas, grades, paredes) que a dominam. "São pedaços de lembranças que nem sempre são mostrados exatamente como eram, mas que me remetem à infância, a coisas boas", reflete.
Na mostra, a artista expõe três fases de seu trabalho. De 1998, telas com as figuras quadradas, centralizadas, padronizadas. "É um reflexo da academia, da escola de arte", justifica Malu, que era dona de casa e artesã antes de se entregar à pintura. "Meu marido é militar e nos mudamos para Brasília. Com meus filhos crescidos, tive tempo para cuidar de mim. E entrei em um curso. Comecei como terapia", conta.
Malu Perlingeiro formou-se no curso de artes plásticas pelo Centro Integrado de Artes, na AEUDF. Montou 12 exposições individuais e perdeu as contas de quantas coletivas participou %u2014 no Brasil e na Europa. Por volta de 2000, aventurou-se pelas aplicações sobre tela. Alguns dos trabalhos expostos no Espaço Chatô trazem elementos que permitem ao público interagir com a obra. Em um deles, há janelas de verdade que, quando abertas, dão para outra, pintada. Na tela em que o desenho é uma porta, a maçaneta é real. "Isso mostra que nunca deixei o pincel. Mas também deixa o público entrar na obra", comenta.
Em trabalhos mais recentes, a artista simulou com tinta janelas rasgadas. Por vezes, rasgou mesmo as telas. "Foi uma tentativa de voltar à pintura pura e simplesmente", analisa. "Não queria mais a janela acadêmica. Comecei a desconstruir. Acho que fiz isso como forma de tentar deixar de pintar janelas. Mas percebi que o tema foi que me escolheu. Posso pintar tudo, as janelas voltam."
JANELAS DA ALMA
Exposição de Malu Perlingeiro. Aberta para visitação até 17 de julho, de segunda a sexta, das 10h às 18h, no Espaço Chatô (SIG, Q.2, Lt. 340, sede do Correio Braziliense; 3214-1350).