postado em 03/07/2009 08:46
A palavra é de difícil pronúncia, mas caiu fácil na boca público. Stand-up comedy passou a fazer parte do cotidiano do cidadão brasiliense (e brasileiro) como uma febre que se alastra pelos palcos. O que parece estranho, no entanto, nada mais é do que um humorista e o microfone a falar comicamente do cotidiano. Invenção de norte-americano, na prática, é velha conhecida. Mestres do humor brasileiro, como Chico Anysio e Agildo Ribeiro, já se arriscavam no formato havia décadas. Agora, uma nova geração enche as salas com linguagem mais definida. Marcelo Adnet, Oscar Filho, Rafinha Bastos, Diogo Portugal, Fernando Caruso e Marcelo Mansfield são alguns dos atuais fenômenos do riso.
De cara limpa, sentados no banquinho, eles ficam diante da plateia com a missão de promover uma gargalhada por minuto. "Trouxe o primeiro stand-up comedy para Brasília em abril do ano passado, com Diogo Portugal. Eram duas sessões que se transformaram em quatro. Todas lotadas. Esse formato é um pouco diferente do que se fazia antigamente. O humorista não passeia por personagens. Ele está ali a falar levemente do cotidiano", conta o produtor Jorge Luiz, responsável pela vinda dos grandes nomes dessa nova geração.
Semana que vem ele traz Danilo Gentili, dia 12, às 18h, com a expectativa de encher os 1.400 lugares da Sala Villa-Lobos do Teatro Nacional Claudio Santoro. Tem mais: Dias 18 e 19, o 1º Fest Riso (de outra produtora) reúne, no Teatro dos Bancários, os espetáculos de Fábio Rabin, Bruno Motta e Renato Tortorelli. A onda dos palcos está espalhada pela internet e tevê. Aos 27 anos, o carioca Marcelo Adnet é uma das atuais estrelas do humor brasileiro, que ocupa várias mídias. Formado em jornalismo e torcedor doente do Botafogo, ele conta que desde cedo levava jeito para o riso. "Sempre prestava atenção no que era engraçado", confessa.
Sucesso na internet, com vários vídeos postados no YouTube, Adnet administra carreira promissora na tevê, que estourou com o quadro 15 Minutos, da MTV, e no cinema, em filmes como A mulher invisível. Há seis anos no teatro com o espetáculo Z.É. emprovisadas, acredita que o humor passa por momento de transição. O segredo, ele divide com o público. "Quando você escreve uma história e leva para o palco, a cada momento tem vontade de fazer outra. Improvisa. Mas isso só segue adiante dependendo da reação do público, claro. Tem que jogar com a plateia", ensina.
Em Brasília, humoristas que trabalham com outras técnicas de humor, como o teatro-esporte, aderiram à onda solitária no palco. É o caso de Fernando Booyou e Edson Duavy, do grupo Anônimos da Silva. Após ter vencido o medo de encarar o formato do stand-up comedy, Booyou acredita que comediante de verdade, ao menos uma vez na vida, precisa se arriscar no gênero. "Todos os atores têm que passar por essa prova", destaca.
Ciente de que o público brasiliense ainda demostra timidez diante do gênero, se comparado a centros como Rio e São Paulo, a dupla resolveu criar um espaço no bar da Mormaii do Brasília Shopping dedicado apenas ao stand-up comedy. Toda quinta, às 20h30, eles não só arregaçam a manga e fazem o show, mas também abrem o microfone a qualquer um que demostre desenvoltura no palco. "Basta ter boas ideias e desenvoltura. Muito do fracasso e do sucesso dependem exclusivamente do cara que está lá em cima, diante do microfone", ensina Booyou.
DANILO GENTILLI
Sala Villa-Lobos (Teatro Nacional, Setor Cultural Norte, Via N2; 3325-6239). Domingo, 12 de julho, às 18h. Espetáculo de stand-up comedy com o integrante do programa Custe o que custar, da Band. Ingressos: R$ 50 e R$ 25 (meia). Não recomendado para menores de 14 anos.
FEST RISO
Teatro dos Bancários (314/315 Sul; 3262-9090). Dias 18 e 19, às 20h. Espetáculo de stand-up comedy com Fábio Rabin (Pânico), Bruno Motta (Altas horas) e Renato Tortorelli (Domingão do Faustão). Ingressos: R$ 60 e R$ 30 (meia também para doadores de 2kg de alimentos não-perecíveis). Não recomendado para menores de 14 anos.