Diversão e Arte

Entrevista com João Augusto, presidente da gravadora carioca Deckdic

postado em 04/07/2009 08:30

Como vocês ;arremataram; a fábrica? Existiu algum tipo de concorrência por ela? Outras gravadoras se interessaram em comprá-la?


Desde já antecipo um esclarecimento: quem comprou a fábrica não foi a Deckdisc, mas seus sócios. Ou seja, este não é um empreendimento da Deckdisc. É claro que a iniciativa mostra muito a visão com que sempre tocamos a nossa companhia, olhando à frente, mas o grande objetivo é atender a todo o mercado, sem quaisquer preferências ou distinção, mesmo porque estamos cientes de sermos a única fábrica da América Latina. Então, todos que quiserem fabricar vinil serão muito bem recebidos e atendidos. Essa é a meta. A Polysom era gerida por pessoas ótimas, excelentes profissionais, mas não resistiu aos perrengues de se manter uma administração que contrabalançasse a atração a novos clientes e um serviço de primeira linha com as dificuldades de se manter uma empresa no Brasil, com todo esse emaranhado de impostos e complicações. Então, o ;arremate; da Polysom não foi pesado; pesado é reformá-la e reativá-la de forma a prestar um serviço de alta qualidade. Não houve qualquer concorrência, não havia ninguém interessado por ela. Já ouvi pessoas dizendo que estavam em processo de aquisição e que nós teríamos chegado antes, mas não havia nada. Nenhuma gravadora, até onde sei, mostrou interesse em comprá-la antes.

A fábrica está passando por reformas, certo? O que vai mudar?


[SAIBAMAIS]As reformas atingem todo o prédio, buscando uma melhoria lógica na linha de produção e nas instalações.

Muitos reclamavam da qualidade dos vinis da Polysom. Como esses problemas serão resolvidos?

Como havia um problema de gestão, passaram a ocorrer também problemas com a produção e os padrões técnicos básicos. Mas isso ocorreu apenas em um período. Todos os discos que a Deckdisc fez com eles foram fenomenais em qualidade.

Com a fábrica pronta, qual o plano da Deckdisc? Imagino que nem todos os contratados da gravadora vão ter seus discos lançados em vinil, certo?

Como disse acima, a fábrica é totalmente independente. A Deckdisc será tão cliente quanto todas as gravadoras majors e independentes e artistas contratados ou não. A maioria de nossos artistas terá seus projetos publicados em vinil porque nossos artistas são maravilhosos e a gente acredita piamente no formato.

Digamos que uma banda independente queira lançar um single ou mesmo um LP em vinil. Quanto ficaria pra lançar uma tiragem mínima? E de quantas cópias seria essa tiragem?


Ainda não conseguimos dimensionar o quanto custarão as diversas modalidades do vinil. Isso vai levar um tempinho ainda. Nem temos como adiantar qual será a tiragem mínima.

Do ponto de vista do mercado, não é arriscado tocar uma fábrica de discos de vinil? Existe no Brasil um mercado consumidor que faça valer o investimento? Vocês estão pensando em algum público consumidor específico?


No Brasil, qualquer empreendimento é arriscado. Quando começamos o projeto, só pensávamos em fazer sobreviver uma cultura que todos cultivamos. Agora, entretanto, os sinais são tão fortes de que a demanda será muito mais alta do que esperávamos que já começamos a pensar que poderemos alcançar êxito como negócio. E é preciso lembrar que seremos os únicos na América Latina. Assim, temos que incluir Argentina, Chile e uma série de países entre nossos clientes potenciais.

Recentemente, a Sony colocou no mercado reedições em vinil das estréias de bandas como Chico Science & Nação Zumbi, Engenheiros do Hawaii, Skank etc. Mas os discos custavam aproximadamente R$ 100. Quanto custará, em média, os vinis da Deck?


Essa é uma luta grande. Os vinis da Sony, frutos de uma iniciativa muito legal, custam caro porque custou caro fabricá-los lá fora. Aqui, o custo irá baixar, sem dúvida, mas os impostos são tão escorchantes, que provavelmente não poderemos baixar como gostaríamos. Tem gente no MinC (Ministério da Cultura) entusiasmada com o projeto e acredito que possam ajudar muito nisso. Baixar os impostos já viabilizaria uma baixa representativa do valor final.

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