Diversão e Arte

Do Gama, o grupo Voar ganha o Brasil com espetáculos cheios de poesia

postado em 05/07/2009 11:20
Um baú imenso guarda a história encantada. É a fábula de um menino de imaginação tão grande que não cabe em livro nenhum. Pequeno, ele desejava dar o suspiro de vida a toda a sorte de bonecos. Os brinquedos comuns que ganhava eram moedas de troca para conseguir os cobiçados fantoches. A loucura era tanta que ele cortava a cabeça das bonecas das irmãs para confeccionar títeres de luvas. Quando a tampa dessa caixa de fantasias é aberta, pulam um pé de feijão gigante, a Vaquinha, o Gigante, o Vendedor de Sementes, a Galinha dos Ovos de Ouro e João que Tocou o Céu. É hora de esquecer este mundo real e pegar carona nos sonhos do Voar Teatro de Bonecos, grupo do Gama que tem conquistado o país em festivais e temporadas itinerantes.

A criança de cabeça nas nuvens hoje é homem feito. Marco Augusto é o dono desse baú mágico. Foi ele que, depois de 15 anos atuando no Bagagem Cia. de Bonecos (Gama), saiu com a caixa nas mãos para montar a peça João e o pé de feijão. Sozinho, manipulava todos os personagens da fábula universal. Nascia, em 2002, o grupo Voar Teatro de Bonecos.

; Voar porque eu era assim, cheio de imaginação. Voar porque queria também dar vida aos bonecos e tirar o espectador da cadeira para ele flutuar com o teatro ; conta Marco Augusto, diretor do grupo, que não consegue mais ficar parado no Gama. Em setembro, o coletivo viaja para o estado de São Paulo, onde vão percorrer, por dois meses, 34 cidades. Antes, passa em Cidade de Goiás, em apresentação no quintal de Cora Coralina, e em Garanhuns (PE).

; O tempo virou o nosso problema. Estamos com a agenda apertadíssima. São cinco montagens em repertório e uma em criação ; conta o manipulador Laercio Nicolao.

; A gente tem uma verba para realizar o I Festival de Bonecos do Gama (a cidade tem seis grupos), mas estamos com poucas brechas no calendário até o fim do ano ; emenda Alessandra Barros.

Laercio e Alessandra entraram para o núcleo-base do grupo. De Marco se fizeram cinco. Cada qual ocupa uma função na trupe, que se debruça na pesquisa para criar cada espetáculo. Laercio cuida da dramaturgia, Alessandra estuda técnicas de manipulação, Lucia Corrêa dedica-se à interpretação e Wesley Barbosa confecciona como ninguém os bonecos. Ao lado deles, Marco Augusto mudou a forma de trabalhar. Não é mais aquele diretor que traz tudo pronto para a equipe. Agora, cria colaborativamente, com cada um agregando uma ideia. O resultado são montagens que se superam. Na última, Adão, apresentada ontem no I Festival de Cenas Curtas da Mostra Dulcina, eles constróem e manipulam em cena um boneco de barro.

; A nossa característica é essa diversidade, que surge de espetáculo em espetáculo ; sugere Marco.

; Dos bonecos às técnicas de manipulação, estamos sempre em busca de novidades ; completa Lucia.

No momento, eles pesquisam a vida e obra de Leonardo da Vinci, cujo boneco já tem algumas provas em molde de gesso. Com exceção de Laercio, que é arte-educador da rede pública, todos vivem com o dinheiro desse teatro vindo do sonho alado do menino de Marco Augusto.

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