postado em 05/07/2009 11:22
O cineasta brasiliense Erik de Castro já iniciou a contagem regressiva. Após uma longa batalha de meia década entre captação de recursos e produção e mais dois anos de finalização, o diretor aguarda, enfim, a estreia de Federal. Com lançamento previsto para este semestre, o longa-metragem ; rodado inteiramente em Brasília ; deve chegar ao circuito com o selo da Europa Filmes, em 100 cópias. ;Estou muito satisfeito com Federal, ficou do jeito que eu queria. Agora é só aguardar a decisão da distribuidora e colocá-lo nos cinemas;, diz Erik, que recebeu o Correio em casa no último dia 26 de junho.À reportagem, Erik mostrou com exclusividade trechos do longa policial que marca a sua estreia na ficção. ;É um Os intocáveis à brasileira;, compara o cineasta, que ainda cita Operação França e Chuva negra como influências. ;Nunca fui um assíduo frequentador de festival. Assistindo a Guerra nas estrelas e Rocky, vi que queria fazer filmes;, diz Erik. ;O cinema norte-americano é a minha maior influência. Sou um cara que cresceu nos anos 1970 e 1980 vendo esse cinema, que tinha qualidade artística e marca autoral.; A admiração pela produção made in USA se estende à casa onde mora, que tem as paredes decoradas por cartazes de Duro de matar, Tubarão e tantos outros filmes de Hollywood.
Roteiro
Na trama de Federal, uma equipe de policiais formada por Carlos Alberto Riccelli, Selton Mello (onipresente), Christovam Neto e Cesário Augusto parte à caça de um traficante de drogas, vivido por Eduardo Dussek. O norte-americano Michael Madsen, um dos atores preferidos de Quentin Tarantino, interpreta um agente que acompanha as investigações. ;Fizemos o filme com a preocupação de ter qualidade técnica e artística nacional e internacional;, afirma o diretor.
O script de Federal, lembra Erik, foi selecionado para o laboratório de roteiros de Sundance, em 2001, o que permitiu ao diretor ter encontros com Zachary Sklar (roteirista de JFK ; A pergunta que não quer calar, de Oliver Stone) e Jorge Durán (corroteirista de Pixote ; A lei do mais fraco). ;Fiquei pensando se eles não ficariam falando demais; Mas, no final, eles reviraram o roteiro, tivemos uma ótima conversa criativa, de onde surgiram ideias interessantes. Incorporei sugestões.; Para os efeitos especiais, vieram a Brasília técnicos estrangeiros que trabalharam em superproduções como Homem-Aranha e Batman begins.
A produtora EuropaCorp, de Luc Besson (O quinto elemento e O profissional), comprou os direitos de distribuição no Velho Continente. ;Quando um diretor se reúne conosco e apresenta um bom roteiro, você vê uma oportunidade para filmar. A nacionalidade não importa;, disse Besson durante passagem pelo Brasil em 2007, quando lançou Arthur e os minimoys.
Besson, Madsen, Hollywood; muitos nomes estrangeiros relacionados a um filme nacional só? Para Erik, a resposta é não. ;Federal é um filme brasileiro, feito com brasileiros, falado em português, concebido assim. Fiz no Brasil um tipo de cinema que admiro;, explica ele, que recusou a proposta de ter os diálogos em inglês.
O brasiliense aposta na visibilidade que a produção pode dar à cidade. ;Brasília é personagem do filme, assim como Chicago está para Os intocáveis e Nova York para Operação França. Acho que Federal pode gerar interesse turístico para cá e dar projeção internacional, além de mostrar que temos profissionais de talento, competência técnica e capacidade logística para fazer filmes desse porte.; Brasília, então, que se prepare para a fama.