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E o vento levou e O Mágico de Oz, completam 70 anos e ainda seduzem gerações

postado em 12/07/2009 10:00

O que têm em comum E o vento levou e O Mágico de Oz? À primeira vista, a resposta parece óbvia: são dois grandes clássicos do cinema e que sempre figuram na lista dos melhores filmes de todos os tempos. Mas eles guardam mais semelhanças do que se possa imaginar. A primeira delas é que ambas as produções comemoram 70 anos em 2009. E, para celebrar a data, a Warner Movies lança uma edição especial em Blue-Ray. Para os colecionadores de plantão, os DVDs já estão sendo comercializados no site Amazon.com, porém, com número limitado de cópias. Aqui, a Warner Movies no Brasil informa que os DVDs não devem ser lançados, pelo menos, por enquanto. Outras pequenas ações pelo mundo estão acontecendo para comemorar as sete décadas, especialmente no ramo da moda com o lançamento de produtos alusivos aos filmes. Outras coincidências: os dois foram produzidos pelo mesmo estúdio, a MGM, (apesar de E o vento levou ter contado com a parceria da Selznick International Pictures), foram dirigidos pela mesma pessoa: o consagrado diretor Victor Fleming. (Fleming teve que abandonar as filmagens de O Mágico de Oz para ir trabalhar em E o vento levou. E quem rodou grande parte das cenas foram Mervyn Leroy e King Vidor). Além disso, as duas produções originaram livros, sendo que E o vento levou, de Margaret Mitchell, tornou-se um best-seller. As semelhanças não param por aí. Os protagonistas ficaram imortalizados justamente pelos personagens que interpretaram nesses clássicos: Judy Garland, como a sonhadora menina Dorothy, e Vivien Leigh e Clark Gable na pele do inesquecível casal Scarlett O;Hara e Rhett Butler. ;No caso da Vivien e do Clark, eles até ganharam Oscar com outras produções, sendo que ela também levou a estatueta por E o vento levou. Mas os dois sempre serão lembrados por esses personagens, assim como Judy Garland;, destacou o crítico de cinema Rubens Ewald Filho, em entrevista ao Correio. Sem falar nas frases que ficaram marcadas para a posteridade. Enquanto a doce Dorothy defendia que ;Não há melhor lugar do que o nosso lar;, a mimada e altiva Scarlett apregoava: ;Jamais sentirei fome novamente; ou ; Afinal, amanhã é um novo dia;. As canções-tema dos dois filmes, o Tema de Thara, que embalou a saga de Scarlett e Rhett Butler e, especialmente, a de O Mágico de Oz, Over the rainbow, que, inclusive foi adotada como uma música símbolo do movimento gay, também se tornaram clássicos. ;Apesar de serem representantes de um estilo, de uma maneira de pensar, ao mesmo tempo eles trazem o gérmen do novo mundo com o movimento gay em O Mágico de Oz e o feminismo em E o vento levou;, analisa o crítico. Fascínio Ewald Filho acredita que o fascínio que os dois clássicos ainda exercem, mesmo após 70 anos, se deve, principalmente, ao fato de eles serem representantes legítimos do sistema de uma Hollywood que não existe mais. ;Era uma época em o trabalho do produtor contava mais e não o do diretor. Era o período dos grandes estúdios. Eles refletem um mundo ainda ingênuo, são peças de museu, mas não no sentido pejorativo. No caso de O Mágico de Oz, ele representa, talvez, um padrão de conto juvenil e faz parte da cultura norte-americana. Já E o vento levou retrata o principal conflito da história dos Estados Unidos e ainda tem essa questão do feminismo muito forte. Por tudo isso, eles ainda encantam;, opina. Ele destaca também que, para muitos especialistas, o ano de 1939 é tido como um dos melhores do cinema, tanto é que a Academia de Hollywood, em Los Angeles, está apresentando, desde maio, a mostra Hollywood;s greatest year ; The best pictures nominees of 1939 (;O maior ano de Hollywood ; Os indicados a melhor filme em 1939) com clássicos daquele ano.

E O VENTO LEVOU O MÁGICO DE OZ Curiosidades E o vento levou É tido como o filme de maior bilheteria de todos os tempos, mesmo se forem feitos hoje os cálculos de inflação, aumento de população e o preço dos ingressos. Foi o 1; filme a cores a ganhar o Oscar de Melhor Filme. E o Vento Levou, Branca de Neve e os Sete Anões e O Exorcista são os únicos filmes de todos os tempos a serem reprisados com lucro ao longo dos anos. Apesar da direção ter sido creditada exclusivamente a Victor Fleming, ele dirigiu apenas 45% do filme, com o restante cabendo a George Cukor, Sam Wood, William Cameron Menzies e Sidney Franklin, todos não-creditados. Apenas um mês após o livro E o vento levou de Margaret Mitchell ter sido lançado, o produtor David O. Selznick comprou os direitos de sua adaptação para o cinema por US$ 50 mil, a mais alta quantia já paga até então pela adaptação do primeiro livro de um autor. A primeira cena a ser filmada foi a do incêndio em Atlanta. Foram rodados 113 minutos de metragem, sendo que o que pegou fogo realmente foram sets de filmes antigos, como alguns da primeira versão de King Kong. Mas o fogo provocado foi tão intenso que vários moradores próximos ao local ligaram para os bombeiros, pensando que o próprio estúdio da MGM estava pegando fogo. Vivien Leigh trabalhou nos sets de filmagem por 125 dias e recebeu por isso a quantia de US$ 25 mil. Já Clark Gable trabalhou por 71 dias e ganhou US$ 120 mil. Corria nos bastidores que Vivien Leigh não suportava as cenas de beijo com Clark Gable, por ele ter um mau hálito insuportável. A produção custou pouco mais de US$ 5 milhões aos cofres da MGM. Quatro anos depois de seu lançamento, a renda obtida pelo filme nas bilheterias já superava a marca dos US$ 32 milhões. Hattie McDaniel, que faz o papel de Mammy, não pôde comparecer na premi;re de E O Vento Levou em Atlanta porque era negra. Mais de 1400 atrizes foram entrevistadas para o papel de Scarlet O;Hara, sendo que mais de 400 chegaram a fazer leitura do roteiro. Bette Davis chegou a ser convidada para o papel, mas recusou. Katharine Hepburn, Jean Arthur e a favorita Paulette Goddard chegaram a ser testadas. Mas a escolhida foi Vivien Leigh, uma inglesa desconhecida que estava em Hollywood com o namorado Laurence Olivier e foi assistir a rodagem da primeira cena, o incêndio de Atlanta, interpretado por dublês. Premiações: - Recebeu 10 Oscars: Melhor Filme, Melhor Diretor, Melhor Atriz (Vivien Leigh), Melhor Atriz Coadjuvante (Hattie McDaniel), Melhor Direção de Arte, Melhor Fotografia Colorida, Melhor Edição e Melhor Roteiro, além um Oscar honorário para William Cameron Menzies e um Oscar técnico, para Don Musgrave. - Recebeu ainda outras 5 indicações ao Oscar: Melhor Ator (Clark Gable), Melhor Atriz Coadjuvante (Olivia de Havilland), Melhor Som, Melhor Trilha Sonora Melhores Efeitos Especiais. O Mágico de Oz A MGM pagou a L. Frank Baum a quantia de US$ 75 mil pelos direitos de adaptação cinematográfica de seu livro, uma quantia recorde na época. O papel de Dorothy foi dado a Judy Garland no dia 24 de fevereiro de 1938. Depois de escalada, alguns executivos da MGM cogitaram trocá-la por Shirley Temple, mas não conseguiram a liberação da jovem atriz pela Fox. O Mágico de Oz eve 4 diretores. Richard Thorpe iniciou as filmagens e rodou por várias semanas até ser demitido pelos produtores, que consideraram seu trabalho insatisfatório. Nenhuma das cenas rodadas por Thorpe foi incluída na versão final do filme. Ainda em busca de um diretor substituto, os produtores contrataram George Cukor como diretor temporário. Victor Fleming assumiu a direção logo em seguida, mas teve que abandoná-la após ser contratado para dirigir E o vento levou. Após a saída de Fleming, King Vidor foi contratado para rodar as sequências restantes. Vidor basicamente apenas rodou as cenas em preto e branco, situadas em Kansas. Inicialmente seria a atriz Gale Sondergaard quem interpretaria a Bruxa Má do Oeste, fazendo uma personagem glamourosa e sedutora como a bruxa má de Branca de Neve e os 7 Anões (1937). Posteriormente os produtores decidiram que a Bruxa Má do Oeste, assim como a grande maioria das bruxas, teria que ser também feia. Foi quando a atriz desistiu da personagem, por não concordar em aparecer feia no filme. A atriz Margaret Hamilton, intérprete da Bruxa Má do Oeste, teve que ficar afastada dos sets de filmagens por mais de um mês, após ter se queimado seriamente ao rodar a cena do desaparecimento de sua personagem da terra dos munchkins. A estrada de tijolos amarelos inicialmente seria verde. A mudança de cor aconteceu após uma das paralisações nas filmagens, quando ficou definido que a cor amarela seria a melhor a ser usada em um filme feito com Technicolor. A Bruxa Má do Oeste de O Mágico de Oz tem dois olhos, enquanto que no livro tem apenas um. A torre de uma base militar em West Point serviu de cenário para a torre da bruxa. Os cavalos do palácio da Cidade de Esmeraldas foram pintados com cristais Jell-O. As cenas em que eles aparecem tiveram que ser rodadas rapidamente, para evitar que os cavalos lambessem sua pele e removessem a tintura. Inicialmente, O Mágico de Oz teria as presenças de Betty Haynes como a Princesa Betty de Oz e Kenny Baker, como seu amante. A dupla chegou a gravar com Judy Garland uma das canções do filme mas, após várias revisões do roteiro, acabaram ficando de fora do filme. Uma outra versão de Over the Rainbow chegou a ser gravada por Judy Garland, quando sua personagem estava encarcerada no castelo da Bruxa Má do Oeste. Durante sua realização a atriz começou a chorar espontaneamente, devido à tristeza da cena. Esta sequência terminou ficando de fora da edição final de O Mágico de Oz. O orçamento do filme foi de US$ 2,7 milhões, sendo que ele arrecadou US$ 3 milhões em seu primeiro lançamento nos cinemas. O curioso é que por ser tão caro o filme não chegou a ser sucesso de bilheteria em sua estréia. Só foi se pagando com as reprises e as sucessivas exibições na TV norte-americana. O cairn terrier que fez Totó, cãozinho de Dorothy, na verdade, era uma cadela, chamada Terry. Premiações - Ganhou 2 Oscars, nas seguintes categorias: Melhor Trilha Sonora e Melhor Canção Original (Over the Rainbow). Foi ainda indicado em outras 4 categorias: Melhor Filme, Melhor Direção de Arte, Melhores Efeitos Especiais e Melhor Fotografia ; Colorida. Fonte: Rubens Ewald Filho (crítico de cinema) e site Adoro Cinema

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