Diversão e Arte

Atores veteranos brilham em novelas e não dão sinal de cansaço

postado em 16/07/2009 10:21
Ary Fontoura, 78 anos, volta ao ar hoje no papel do milionário Jacques, de Caras e bocasDe alguma maneira, as novelas refletem aspectos da sociedade. Como o aumento da expectativa de vida, que no Brasil saltou de 67 anos, em 1991, para 72,5, em 2007. Sob essa ótica, não é estranho o crescimento de personagens interpretados por atores que, em outras profissões, já estariam aposentados. Desde casais maduros e apaixonados a avôs simpáticos ou patriarcas que não têm opinião respeitada pela família, muitos são os exemplos. E os intérpretes não só aproveitam as oportunidades, como deixam claro que não têm qualquer vontade de parar. "Não vejo necessidade de ficar em casa. O trabalho não está pesando e ainda estou dentro das minhas faculdades mentais", atesta Ary Fontoura, 76 anos, que volta à trama de Caras e bocas, da Globo, no fim do capítulo de hoje. Ary saiu de A favorita, em que fez Silveirinha, direto para a atual novela das sete. Da mesma forma, Mauro Mendonça não teve tempo para descansar entre uma novela e outra. O ator de 78 anos mal saiu da pele do austero Gonçalo, também de A favorita, e voltou ao ar em Paraíso, como o sensível Antero. "Às vezes, você repete cenas, fica em pé, grava 20 tomadas e quase não tem tempo para sentar e tomar um café. Mas adoro. É quase uma relação sadomasoquista", brinca. Contar com atores experientes é um desejo premeditado da maioria dos autores. Profissionais que acumulam anos de trabalho na tevê dão segurança para escalações em personagens curingas. "Os veteranos sabem usar a postura e o olhar. Têm bagagem, ao contrário de grande parte do elenco jovem, que não sabe sequer usar a voz", critica Ricardo Linhares, que escreveu com Gilberto Braga Paraíso tropical, em 2007. Na época, o núcleo do edifício Copamar chamou a atenção com atores como Hugo Carvana, Daisy Lúcidi e Yoná Magalhães. Mas não é fácil para alguns atores se manterem no ar. Elias Gleizer, 75, o Cadore de Caminho das Índias, gosta de dizer que não tem do que reclamar. Mas reconhece que não existe tanto espaço assim para privilégios na terceira idade. Principalmente por insegurança. "Não dá para recusar papel porque está cansado. Você vai sempre até o último limite. Se começar a pedir muito, vai se tornar chato e, naturalmente, ninguém volta a chamar", analisa. Talvez por isso o ator faça questão de ir para o trabalho com o próprio carro, ao volante. "Dirijo mais ou menos bem. É para meu próprio conforto", garante o ator, que atualmente vive no ar a história de amor de seu personagem com a dona Cidinha, interpretada por outra incansável veterana, Eva Todor, 89 anos. [SAIBAMAIS]

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