Diversão e Arte

Livro reúne conquistas, tropeços e imagens de uma viagem de três anos por 11 países

Nahima Maciel
postado em 20/07/2009 09:56
De Jorge Elage Filho. Planeta Terra, 342 páginas. R$ 40 (nas livrarias) e R$ 35 (no site www.projetoperegrino.com.br)Jorge Elage Filho deixou São Paulo em maio de 2005 com uma passagem de ida e volta para a Califórnia, US$ 700 no bolso, pouca bagagem e uma disposição infinita para passar algum tempo na estrada. Três objetivos ocupavam a maior parte da mente do viajante. O primeiro, se sustentar. O segundo, praticar esportes radicais ao ar livre. O terceiro, dar a volta ao mundo em função dos dois primeiros e produzir material escrito sobre a experiência. Elage iria aonde o esporte o levasse. Acabou por pisar em cinco continentes e 11 países. Desses lugares, trouxe coleções de histórias que, durante o trajeto, tomaram a forma de livro. Projeto Peregrino - Uma volta ao mundo, à brasileira é um relato de viagem com os tropeços, os desafios e as conquistas de um peregrino desprendido do mundo material e profundamente apegado às surpresas que a descoberta do planeta e de seus habitantes pode proporcionar. "É um livro de viagem e de esporte de aventura, que vai interessar muito aos jovens, mas a grande mensagem que quero passar é para as pessoas serem os autores de suas próprias histórias, mesmo aquelas que acham que o tempo já passou", explica. Elage nasceu em Rondônia, mas, como é filho de peregrinos, aos 3 anos já havia morado em oito cidades diferentes. Aos 25, quando decidiu realizar a grande viagem, era um recém-formado em Esporte pela Universidade de São Paulo (USP). Trabalhava como personal trainer e instrutor de esportes de aventura na capital paulista, mas achava que podia fazer o mesmo sem ficar preso a um território limitado. A primeira parada foi a Califórnia, onde trabalhou como massagista, mecânico de bicicletas e instrutor em competições de equipe. Um mal-entendido com a polícia, que pensou ser o viajante um agenciador de prostitutas, levou Elage (que então distribuía flyers de propaganda) para a prisão. Uma noite atrás das grades bastou para ele decidir encerrar a passagem pela América do Norte e rumar para a Nova Zelândia, onde havia feito intercâmbio na adolescência. A habilidade na prática da massagem ajudou no sustento antes de embarcar para a Austrália. No continente dos cangurus e dos aborígenes, um episódio fez Elage perceber a fragilidade da vida e a necessidade de dar sentido a todos os minutos da existência. O peregrino precisou atuar no resgate de um mergulhador na Grande Barreira de Corais e, depois de uma tentativa frustrada de reanimação, assistiu à morte do turista. "Isso me fez valorizar a vida mais que o lado material da experiência", conta. A dificuldade em conseguir emprego na própria área de atuação levou Elage para trabalhos temporários nada estimulantes, como pintor de parede, pedreiro e lavador de pratos. Era hora de deixar a Austrália. "Nessa fase, deu tudo errado, mas faz parte. Para mim, o fracasso foi profissional. Não saí do Brasil para captar dinheiro e, quando percebi que estava nessa busca, disse não. A frustração existe e é preciso saber lidar com ela, não deixar influenciar a motivação, senão ela vai minando as energias até você se sentir um derrotado. E segui em frente à brasileira." De carona em um veleiro, ele embarcou para a Indonésia antes de seguir para Tailândia, Camboja e Índia, onde se embrenhou em cursos de meditação. O Oriente Médio foi a última parada antes da Espanha e da volta para o Brasil, três anos depois da partida e muitas dívidas depois, já que o dinheiro havia acabado. "Escrevi o livro para poder compartilhar essa experiência e também para que fosse o resultado de um trabalho, já que nessa área existem poucas coisas publicadas com esse tipo de tema", diz Elage, que hoje mora em Brasília e continua o trabalho como instrutor e personal trainer. "A gente encontra livros de expedições e aventuras, mas, fora o Amyr Klink, há poucos de aventuras brasileiras."

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