Diversão e Arte

Responsável pela programação do Cine Brasília lista problemas do local

Ricardo Daehn
postado em 21/07/2009 08:01
Fernando Adolfo: Numa perspectiva otimista, caso o Cine Brasília fechasse (para reformas) em janeiro ou fevereiro de 2010, em oito meses seria restituído, a tempo para abrigar o 43; Festival de Brasília do Cinema Brasileiro. Quem aventa a possibilidade é Fernando Adolfo que, além de coordenador do evento, responde pela programação do local. ;É claro que há a necessidade de revitalização, mas você só revitaliza um lugar depois que ele passa por reformas. Temos perspectiva real de avanço das reformas, a partir do ano que vem, com a entrada do Ministério do Turismo no processo. O projeto já está no ministério, desde dezembro do ano passado. A partir de agosto, com o descontingenciamento, haverá andamento na burocracia para virmos (leia Secretaria de Cultura) a firmar convênio até o fim do ano;, projeta Adolfo.

Antes desse período, as projeções de melhorias são mais mirradas e paliativas. A partir de 19 de outubro, o cinema fechará para os incrementos de última hora, que apenas atenuarão o constrangimento de abrigar um festival nacional do porte do de Brasília, num ambiente tão desqualificado. Cerca de R$ 2,8 milhões destinados a obras físicas (entre elas, impermeabilização, reajustes hidráulicos e elétricos, retirada de escadaria e carpete) seriam suficientes para sanar graves problemas relacionados à estrutura. ;Temos um projeto de reforma feito pela Novacap. Ele contempla a digitalização dos equipamentos da sala, numa ordem de R$ 400 mil. Esse seria o montante de contrapartida a ser dado pela Secretaria de Cultura;, explica Fernando Adolfo. A plataforma de mobilização política dentro do ministério, segundo Adolfo, está assegurada, nas figuras de deputados como Rodrigo Rollemberg e Erika Kokay.

Questões graves
Por enquanto, porém, Fernando Adolfo não consegue desviar de questões graves, como os problemas relacionados ao ar condicionado, a ausência de um café ou de uma livraria, isso sem contar a insegurança no estacionamento do Cine Brasília. A programação também é agravante. ;Não há como incrementar a programação, e a renda de bilheteria é muito baixa. Não temos força junto às distribuidoras para alavancar uma estreia de maior peso. Os lançamentos que conseguimos (nacionais, e de menor porte, geralmente) são mais apropriados para salas menores. Você vai para uma sala que tem 600 lugares e ganha 10 espectadores, então você não tem ninguém;, observa Adolfo.

[SAIBAMAIS];O cinema não pode sobreviver apenas das mostras feitas, com êxito, junto às embaixadas, e temos que levar em conta que o tempo é outro: o público antes respondia às sessões sequenciais em esquema de cineclube. Por falta de público, pela afinidade da juventude com os cinemas de shopping e pela comodidade dada pelo DVD, passamos por situações como o fechamento do cinema da Cultura Inglesa, por exemplo;, assinala.

Comercialmente inviáveis ; uma vez que as distribuidoras não despacham pacotes de filmes, respaldados apenas pela futura bilheteria ;, as mostras temáticas seriam uma das soluções para estimular o público. ;A gestão compartilhada permitiria essas iniciativas. Com parceiros comerciais, você faz maravilhas. Por enquanto, temos limitações burocráticas para o poder público agir sozinho. Você, por exemplo, quer fazer uma mostra completa do François Truffaut ;, seria genial. Mas isso custaria uns R$15mil. Não há como, legalmente, a Secretaria de Cultura alugar um pacote de filmes desses;, conclui.

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