Irlam Rocha Lima
postado em 25/07/2009 08:20
A comunidade do samba de Brasília está em festa. Depois de mais de 10 anos, uma artista da cidade conseguiu furar o bloqueio e foi contratada por importante gravadora do país. Nova integrante do cast da Universal Music, a cantora Dhi Ribeiro acaba de lançar Manual de mulher, seu primeiro CD.Presença frequente nas rodas de samba da cidade, Dhi, a caminho da fama e do sucesso, tem a acompanhá-la banda formada por músicos que também marcam presença nessas animadas reuniões, entre os quais o violonista Evandro Barcellos, o cavaquinista Léo Benon, o baterista Manga e os percussionistas Faísca e Fumaça.
De três anos para cá, rodas de samba têm se espalhado pelas asas do Plano Piloto e adjacências. Embora ocorram em outros dias da semana, é no sábado que há uma concentração maior de pagodes na cidade ; todos prestigiados por público cada vez maior, formado por pessoas de diferentes faixas etárias e sociais, ; de universitários a servidores públicos ; identificadas com o mais popular e autêntico ritmo brasileiro, o samba.
Entre as rodas de sábado, a mais tradicional é do Bar do Calaf , que deu uma parada de dois meses e retorna hoje, às 13h, com novo nome: O Samba na Cozinha Virou Carnaval. Quem abre a programação é o grupo Bom Partido. Na sequência, a banda Pegada Black entra em ação para, depois, acompanhar um convidado especial, o cantor e compositor Gabriel Moura, ex-Farofa Carioca, autor de sucessos como Burguesinha, Mina do condomínio e Samba rock, gravados por Seu Jorge. O Samba na Cozinha, que começa às 13h, terá como atração, no próximo sábado, Biguli, vocalista do Monobloco.
O grupo Samba & Choro que, por oito anos tocou no Bar do Calaf, há dois meses anima a tarde de sábado do Bar Brahma, na 201 Sul. ;Embora com pouco tempo na casa, a roda já pegou. As pessoas vêm aqui para ouvir o velho e bom samba do repertório dos mestres, mas também cai na dança, exibindo ginga e suingue;, afirma o vocalista Valerinho, que também ataca de cavaquinho.
No Armazém do Ferreira (202 Norte), o regional Show de Bola é quem dá o tom. Lá o samba rola a partir das 13h. ;A gente abre tocando clássicos do choro e em seguida entramos com o samba de diferentes períodos, com sets que incluem de Cartola a Zeca Pagodinho;. A informação é de Vinicius de Oliveira (tantã e surdo) que se apresenta ao lado de Artur (pandeiro), Diego Considera (cavaquinho), Amilcar (violão sete cordas), Delano (clarinete) e Kiki Oliveira (vocal) ; todos na faixa dos 20 anos. ;Geralmente aparecem outros músicos para dar canja e já acompanhamos até a Dhi Ribeiro;, acrescenta.
A ausência do violonista Alex de Sousa não interrompeu a roda de samba do Fulô do Sertão, que o tem no comando. O gaitista Pablo Fagundes assumiu a direção e estará à frente do grupo que toca no lugar hoje, das 18h às 22h. A exemplo de outros conjuntos da cidade, o do Fulô sempre abre a roda com um set de choro.
Uma outra roda de samba muito concorrida, aos sábados, na Asa Norte é a do Tartaruga, bar da entrequadra 714/715. ;Há um ano e meio temos reunido muita gente aqui para ouvir samba de raiz, num ambiente tranquilo, respeitoso, sempre a partir das 18h30. Com capacidade para 300 pessoas, o bar bomba por volta das 20h;, revela Paulo, sócio da casa e bandolinista do grupo que agita a galera. Os outros integrantes são Dudu (violão sete cordas e cavaquinho)), Rogério (pandeiro), Laércio (violão de seis cordas), Augusto (violão), Márcio Marinho (cavaquinho) e Gabriela (flauta).
; Atrativos na semana
Embora o sábado seja considerado o dia nacional do pagode, há rodas de samba na cidade e outros dias da semana, reflexo do gosto do brasiliense por uma boa batucada. Na quarta-feira, por exemplo, é grande a frequência do público ao Adora-Roda, há dois anos em cartaz no Bar do Calaf. Com início às 21h, neste período de férias escolares prolonga-se até o começo da madrugada de quinta-feira. Com o mesmo nome do projeto, o grupo é formado por oito músicos, que só toca samba de raiz. ;No dia 2 de junho, comemoramos dois anos em atividade, abrindo o show de Zeca Pagodinho na AABB;, conta o vocalista e pandeirista Breno Alves.
Breno está à frente de um outro projeto, o Santo Sem Dia, que vem ocupando ha três meses o Cafetina, na 712 Norte, às sextas-feiras, a partir das 22h. No local, são ouvidas variações do samba como maxixe, samba choro e samba de gafieira.
Na quadra de ensaios, a Aruc, campeoníssima do carnaval, promove às sextas-feiras, às 18h, o Pagode Tradicional, que reúne nomes destacados do samba de Brasília, entre os quais Evandro Barcellos (Samba & Choro), Marcelo Sena (Coisa Nossa), Milsinho (Amor Maior) e Jorginho (Luz do Samba). ;Criamos esse pagode há três meses, com a participação de nomes representativos da tradição do samba na cidade, e o público vem prestigiando;, comemora Hélio da Aruc.
Aos domingos, quem curte um batuque de primeira tem duas opções. Uma é a Tarde de Samba, na Posto 9, QI 9 do Lago Sul. Lá o agito, que começa às 15h, fica por conta grupo Volta por Cima. ;Em nossa roda predomina o samba de compositores da velha guarda;, anuncia Bruno Leonardo, que toca surdo no conjunto liderado pelo vocalista Nego Show.
Tradicional palco da música instrumental, o Clube do Choro, aos domingos, abre espaço para Todos os Sambas, projeto que tem apresentado conhecidos nomes da música brasiliense. Quem comanda a roda amanhã, às 16h, é o cantor e percussionista George Lacerda. ;Nossa proposta é misturar sambas de compositores de diferentes gerações, de Cartola a Paulinho da Viola, de Nelson Cavaquinho a Chico Buarque;, explica George.
; Anote aí
Bar do Calaf (Setor Bancário Sul)
- Adora Roda ; quartas-feiras
- Samba na Cozinha ; sábados
Aruc (Cruzeiro Velho)
- Pagode Tradicional ; sextas-feiras
Cafetina (712 Norte)
- Santo sem dia ; sextas-feiras
Bar Brahma (201 Sul)
- Samba Choro ; sábados
Fulô do Sertão (405 Norte)
- Roda de Samba ; sábados
Tartaruga (714 Norte)
- Roda de samba ; sábados
Armazém do Ferreira (202 Norte)
- Roda de samba ; sábados
Posto 9 (QI 9 Lago Sul)
- Tarde de Samba ; domingos
Clube do Choro (Eixo Monumental)
- Todos os Sambas ; domingos