postado em 28/07/2009 09:55
Até ganhar o papel do vilão Leôncio em A escrava Isaura, da Record, em 2004, Leopoldo Pacheco era basicamente um homem de teatro (a primeira experiência na tevê, três antes, em Roda da vida, na mesma emissora, passou em branco). Atuava não só no palco, mas também nos bastidores, criando figurinos e cenários. Na verdade, estudante de artes plásticas, pensava em fazer somente isso quando se aproximou do teatro. Tornou-se ator por acaso, mas teve certeza de que era esse o caminho ao encenar a densa Pólvora e poesia, de Alcides Nogueira, contracenando com João Vitti. Depois de Leôncio, Leopoldo foi para a Globo, onde fez Belíssima, Beleza pura e, agora, está na reta final de Paraíso. Na atual novela das seis, o ator vive o desafio de interpretar um personagem quase surreal em nosso país: um político honesto, o prefeito Norbesto.
Como é interpretar um político com tantos escândalos envolvendo esses profissionais fora da ficção?
Estamos vivendo em um mar de lama e esse personagem é quase um OVNI perto disso tudo. O Norberto retrata o homem do interior, ainda puro e incorruptível. Ele é um político completamente diferente desses que vemos envolvidos em escândalos. Apesar disso, carrega essa fama e não tem jeito. Mas tento explicar, quando sou abordado, que ele é diferente, que foge a essa regra, como outros que estão lá no Congresso. Temos que perder a mania de generalizar.
O público ainda confunde personagem e ator?
Sim. Mas entendo que seja difícil diferenciar. Sou abordado como Norberto e questionado, elogiado ou criticado pelas atitudes do personagem. Apesar disso, sempre explico numa boa que sigo o texto do Benedito Ruy Barbosa, e que nem sempre corresponde às minhas ideias. Mas isso não me incomoda. É compreensível que, sempre vendo o ator naquele papel, o público esqueça que ele não é aquilo.
O que lhe levou à tevê, depois de tanto tempo dedicado ao teatro?
Sempre insisti no teatro por ter me criado ali. Gosto de estar no palco e acho um exercício necessário para qualquer ator. A tevê acabou vindo na hora certa, quando estava maduro como profissional. E mais bem resolvido. Mas não tentei usar o notoriedade da tevê para fazer teatro. Não tive um motivo forte, foi apenas pela oportunidade que surgiu naquele momento. Além disso, foi um momento em que resolvi me concentrar na minha carreira de ator.
Conciliava a carreira com outra profissão?
Sempre fiz trabalhos de cenografia e figurino no teatro. Tenho grande ligação com a parte estética dos espetáculos, tanto que cheguei a fazer artes plásticas antes de pensar em ser ator. Foi durante o espetáculo Pólvora e poesia, de Alcides Nogueira, que realmente resolvi que era o momento de me concentrar no que mais gostava de fazer. Ainda faço cenário, mas com menos regularidade.
E o que fez com que se tornasse ator?
Virei ator sem querer. Já estava na faculdade fazendo artes plásticas, quando me envolvi com um grupo de teatro universitário para fazer a parte estética de uma peça deles. Aí comecei a me familiarizar com a atuação. Um dia eles descobriram que faltava um ator para uma peça e me chamaram. Depois daí, me encontrei. Larguei as artes plásticas e fui fazer a Escola de Artes Dramáticas da USP.