Diversão e Arte

Bares e restaurantes da cidade abrem espaço para o jazz

Nahima Maciel
postado em 30/07/2009 08:41
Marabeau e Serge von FrasunkiewiczA rota do jazz em Brasília ainda tem muito o que aprender com Nova Orleans, o berço do gênero, mas já é capaz de seduzir o público com classe e competência. O circuito ainda incipiente - não há uma programação fixa para todos os dias e nem casas especializadas - se firma aos poucos e já é possível encontrar alguns estabelecimentos que reservam um dia da semana para apresentações de duos, trios, quartetos e quintetos. Nesse universo há fronteiras tênues. O jazz puro está na base de todos os músicos dedicados ao estilo. Muitas vezes, porém, é inevitável mesclar com a MPB e aplicar em Tom Jobim, Vinicius de Moraes e Chico Buarque uma "pegada" mais jazzística. Há, no entanto, standarts que não podem faltar. Miles Davis, John Coltrane, George Gershwin, Frank Sinatra, Louis Armstrong e Cole Porter são as pérolas do repertório. O Correio saiu em busca do roteiro do jazz da cidade e selecionou sete casas que abrem espaços para o gênero. Quinta-feira e terça são os dias com maior quantidade de programação. As apresentações semanais acontecem em bares e restaurantes e a presença do gênero em agendas de teatro ou auditórios fechados ainda é escassa e esporádica. Veja ao lado onde ouvir jazz na cidade hoje. [SAIBAMAIS]C´est si bon (SCLN 408, Bl/A) O projeto Quinta Jazz se dedica a contar a história do gênero desde 2006. A cantora Marabeau se apresenta uma vez por mês e toda quinta-feira um grupo instrumental toma conta do espaço. "Mercado para jazz em Brasília existe. Tem uma carência enorme e um público muito cativo", garante a produtora Naná Maris, idealizadora do projeto. O Affinity Jazz é o trio residente da casa e toca a cada 15 dias. Formado por Antoine Espagno (contrabaixo), Serge von Frasunkiewicz (piano) e Enrico Carinci (bateria) o grupo faz passeio pela história da música norte-americana. Cada sessão homenageia uma banda ou compositor específico. Hoje o trio investe no Modern Jazz Quartet, formação de 1952 marcada pelos diálogos entre as formas clássicas de composição e as harmonias do jazz. "Brasília tem um público meio escondido e não existe uma organização forte, uma casa só de jazz", diz Frasunkiewicz, que fundou o Affinity há 12 anos. No C?est si bon da Asa Norte (SCLN 213) o jazz é reservado para a primeira terça-feira de cada mês. "Essa é uma casa formada já com público de jazz. É mais preparada, onde as pessoas aplaudem os improvisos", conta o baterista Leander Motta, que se apresenta com frequência no restaurante. # Hoje: Affinity Jazz Trio, às 20h30. Repertório: Django, Bag%u2019s groove , One bass hit e Skating in Central Park, todas composições do Modern Jazz Quartet.

Balaio (CLN, 201, Bl/B) Criado há três meses, o Jazzidas acontece toda quinta-feira e mescla repertório brasileiro e internacional. O saxofonista Felipe Vieira comanda o projeto sempre com ajuda de um convidado. "O jazz é a maneira como você toca música. A gente passeia por vários ritmos, mistura e faz bastante improvisação", conta. A formação pode variar, embora sempre estejam presentes o sax de Vieira e a bateria de Célio Maciel. Eventualmente, o duo convida um terceiro músico. A quinta do Balaio é com música instrumental, mas Vieira pretende introduzir cantores na programação. "O jazz pode combinar com qualquer contexto, é uma linguagem universal", acredita o saxofonista. # Hoje: Felipe Vieira (saxofone), Célio Maciel (bateria) e Henrique Neto (violão de sete cordas), hoje, às 19h. Repertório: Egberto Gismonti, Hermeto Paschoal, Tom Jobim e clássicos do jazz norte-americano.

Café Antiquário (Pontão Lago Sul) O jazz ocupa a agenda de hoje e sábado no café do Pontão. O pianista Ricardo Nakamura divide a cena com o trompetista Moisés Alves, integrante da Orquestra Sinfônica do Teatro Nacional Claudio Santoro. No sábado a parceria é com o saxofonista Anderson Pessoa, que faz mestrado em performance em jazz nos Estados Unidos. "Jazz não é um repertório, é uma maneira de tocar com bastante liberdade, sempre enfocando o improviso. O tema é quase um pretexto para improvisar. Na música erudita você lê um texto elaborado e no jazz é como se estivesse falando", diz Nakamura. O trompetista Moisés Alves toca jazz em três casas diferentes, mas ainda lamenta a falta de espaço para o gênero. "Precisaria de mais porque acontece de abrir um espaço e fechar rapidamente", diz. "Aqui não se produz show em teatros. E o jazz tocado no Brasil tem muita música brasileira no meio. Além de bossa nova, a gente toca outras coisas com linguagem de jazz", completa Pessoa. # Hoje: Ricardo Nakamura (piano) e Moisés Alves (trompete), às 21h. Repertório: George Gershwin, Tom Jobim, Rodgers and Hart, Cole Porter, Edu Lobo, Chico Buarque.

Croissanterie (SCLN 115, Bl/B) O Jev Jazz Trio é devoto do tradicional suingue norte-americano, mas quando toca na Croissanterie aproveita para incluir música francesa feita sob a influência do jazz. "A gente tem um songbook de jazz que funciona como se fosse uma bíblia. Trabalhamos com esse book e tentamos fazer uma mescla com músicas que as pessoas conhecem e todo mundo toca com outras menos conhecidas", diz Júlio Sombra, responsável pelo contrabaixo acústico do Jev. O trio também circula por outros bares e restaurantes e já tocou no C´est si bon e Churchill Lounge Bar. # Hoje: Jev Jazz Trio, às 20h. Repertório: Charlie Parker, Edu Lobo, Tom Jobim e Thelonious Monk.

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação