Em decisão equilibrada, o júri do Cine Ceará premiou os dois melhores filmes da competição. Se Nada Mais Der Certo, de José Eduardo Belmonte, ficou com o primeiro lugar, e o documentário Humberto Teixeira - O Homem que Engarrafava Nuvens, de Lírio Ferreira, veio em segundo, ganhando ainda de brinde (simbólico) a consagração do público na mais animada sessão deste festival. Ao contrário da maioria dos festivais, o Cine Ceará não tem prêmio do júri popular
Numa edição em que os filmes brasileiros foram bem superiores aos ibero-americanos, a concentração nos dois principais premiados parece normal. À Deriva" de Heitor Dhalia, ficou apenas com o prêmio de música. Os hispânicos lembrados foram o mexicano Coração do Tempo, o cubano Deuses Quebrados e o argentino Homo Viator. O representante peruano, O Prêmio, e o brasileiro Pequeno Burguês - Filosofia de Vida"saíram sem nada. Este último é uma ;cinebio; de Martinho da Vila, que esteve em Fortaleza e encantou a todos
Se Nada mais Der Certo é uma história de juventude à deriva, ambientada em São Paulo. Não é um filme redondo. Sustenta-se mais nas arestas, nos paradoxos, do que no equilíbrio formal. Belmonte conjuga uma câmera exasperada à utilização inusitada do som. É sua obra mais madura. Já O Homem Que Engarrafava Nuvens pode ser considerado três filmes em um. Resgata um personagem, Humberto Teixeira, em geral ofuscado pelo brilho do seu parceiro habitual, Luiz Gonzaga. Fala de uma filha, Denise Dummont, que precisava acertar-se com a figura paterna. E, por fim, repõe um gênero musical, o baião, em sua justa posição no contexto da música brasileira. Assim, é cinebiografia, filme psicológico e de investigação conceitual. Mais do que tudo, é bem-feito, cheio de ritmo e emocionante. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo
; Confira a lista de premiados:
Longas-Metragens
Se Nada Mais Der Certo: melhor filme, direção, ator (Cauã Raymond) e montagem (Frederico Ribeincher)
O Homem Que Engarrafava Nuvens: roteiro (Lírio Ferreira), som (Zezé Dalice e Waldir Xavier), Oscarito (Câmara de Fortaleza) e crítica
Coração do Tempo (México): Prêmio Especial do Júri;
Os Deuses Quebrados (Cuba): atriz (Annia Bú) e direção de arte (Erick Grass)
À Deriva: música (Ant. Pinto);
Haroldo Conti - Homo Viator (Argentina): fotografia (Jorge Crespo)
Curtas-Metragens:
Os Sapatos de Aristeu: filme, montagem, roteiro;
A Mulher Biônica: Atriz (Ceronha Pontes);
Superbarroco: ator (Everaldo Pontes), direção de arte e prêmio da crítica;
Os Filmes Que Não Fiz: direção (Gilberto Scarpa);
A Montanha Mágica: fotografia (Ivo Lopes Araújo).