Diversão e Arte

Com álbum recheado de participações internacionais, Ana Carolina faz disco autoral distanciado de experiências pessoais

postado em 10/08/2009 09:01 / atualizado em 22/09/2020 17:52

Ana Carolina troca figurinhas com John Legend e outras estrelas internacionaisAna Carolina comemora 10 anos de carreira - contados a partir do sucesso de Garganta, em 1999 - com o disco Nove, que por acaso traz apenas nove músicas. Soa como contraponto a Quatro, álbum duplo com 24 faixas, lançado três anos atrás. Mas não foi proposital, garante a cantora. "Aconteceu tão naturalmente; Seriam 10 músicas, tirei uma, porque achei que não tinha nada a ver, e ficaram nove. Foi inconsciente", conta Ana, que assina todas as composições, com parceiros tão diversos quanto os internacionais John Legend, Chiara Civello e Esperanza Spalding, o veterano Gilberto Gil e o companheiro velho de guerra Antônio Villeroy.

"Sempre busco parceiros diferentes e me adequo muito bem a todos eles. Já compus com Chico César, Celso Fonseca, Seu Jorge;", enumera a cantora, que trabalha pela primeira vez com o sambista Mombaça. "Depois que fiz Cabide, para a Mart;nália, fui me aproximando da turma dela e compus com Mombaça duas músicas que entraram no disco." Ana se refere a Tá rindo, é? (também coassinada por Villeroy) e Torpedo, que tem letra de Gilberto Gil. "Trabalhamos nesse samba uns três meses até resolver mandar para o Gil, eu achava que tinha a cara dele. Dois dias depois, ele nos mandou a letra", conta.


Foi também por iniciativa de Ana Carolina que se deu a parceria com John Legend, com quem ela nunca havia tido qualquer contato pessoal. "Resolvi escrevê-lo. Disse que era uma cantora brasileira, que tinha uma música e gostaria que cantasse comigo. Enviei, ele gostou, fez a versão, me mandou e eu também gostei", resume assim a história da música Entreolhares, que Legend transformou em The way you;re looking at me e cantou junto com Ana - ela aqui no Brasil, no estúdio Toca do Bandido, e ele, lá no Legacy Studio, em Nova York. Depois, os dois se encontraram em Atlanta para gravar um vídeo da música. "Fiquei superfeliz", confessa a cantora, deixando à mostra seu lado de tiete.

Ouça trecho de "Tá rindo é?"

Ouça trecho de "Entreolhares" (The way you;re looking at me)


Já a italiana Chiara foi apresentada a Ana Carolina por Daniel Jobim durante um sarau. A partir daí, passaram a trabalhar juntas. A parceria resultou produtiva como se pode notar em Nove. Minutos, 8 estórias, Resta (em que Chiara também canta) e Traição entraram no repertório. A mais curiosa delas é 8 histórias, em que cita nomes de ex-namoradas ("Em todas procurava o futuro que nenhuma poderia me dar"). No entanto, Ana Carolina afirma que este é seu disco mais "ficcional", ou seja, não inspirado por experiências pessoais ou de amigos, como de costume. "O amor é um assunto comum a todos. Aonde quer que você vá, tem alguém sofrendo ou querendo alguém", analisa.

Com Esperanza Spalding, a parceria não se estendeu à criação. A norte-americana faz participação em Traição. "Estava tentando encontrá-la havia um bom tempo. Tinha ficado impressionada ao ouvi-la cantar e tocar baixo. Por coincidência, ela é amiga do Alê (Siqueira), que produziu a faixa e a chamou. E ficou lindo, com harmonias mais sofisticadas;" Alê Siqueira, assim como Mário Caldato e Kassin, os outros produtores do disco, também estão entre as parcerias inauguradas por Ana Carolina em Nove. Mas ela não economiza elogios quando se refere a Antônio Villeroy, com quem compõe desde o primeiro disco. "Ele se tornou primeiro parceiro, depois amigo. E hoje somos parceiros eternos, amigos para toda a vida."

Chiara Civello
Nascida em Roma, Chiara Civello, 30 anos, está atualmente radicada em Nova York. Pianista, guitarrista, cantora e compositora, é formada pelo Berklee College of Music, de Boston, e lançou em 2005 seu primeiro disco, Last quarter moon. O segundo, The space between, veio dois anos depois. Tem grandes conhecimentos de jazz e música brasileira, mas é também influenciada pelo pop.

Esperanza Spalding
A cantora, contrabaixista e baixista norte-americana de 25 anos toca desde a infância. Já tocou com grandes nomes do jazz, como Pat Metheny e Joe Lovano e tem dois discos lançados, Junjo (2006) e Esperanza (2008). Canta em inglês, português e espanhol e é a mais jovem professora do Berklee College of Music, em Boston. Esteve no Brasil em 2006, apresentando-se na companhia do pianista cubano Roberto Fonseca.

John Legend
O norte-americano John Legend, de 31 anos, lançou o primeiro disco de estúdio, Get lifted, em 2004 (no ano anterior tinha saído o ao vivo Live at SOB;s New York City). No rastro de sucessos como Used to love U e Ordinary people, ganhou popularidade e prestígio como nome de destaque no R. Colaborou com nomes do gênero, como Slum Village, Kanye West, Lauryn Hill, Jay-z e Alicia Keys. Em 2007, gravou um disco no Brasil, We just don;t care. Seu trabalho mais recente é Evolver, lançado ano passado.

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