Diversão e Arte

Trinta anos de criação do grupo brasiliense Mel da Terra serão em outubro

Irlam Rocha Lima
postado em 18/08/2009 08:06 / atualizado em 22/09/2020 10:54

Manifestação artística mais importante em Brasília, no final da década de 1970, o Concerto Cabeças teve como símbolo o Mel da Terra, a primeira banda assumidamente pop surgida na cidade. Com ares de filho de hippies, o grupo, formado por adolescentes de 15 a 18 anos, tornou-se o queridinho do público no período de 1980 a 1983.

A banda tornou-se a tornou-se o queridinha do público no período de 1980 a 1983O nascimento do Mel ocorreu, literalmente, na Galeria Cabeças, misto de ateliê, galeria de arte e escritório, atrás do qual, no gramado da 311 Sul, ocorriam, no último domingo de cada mês, o Concerto Cabeças. Apadrinhados pelo produtor Néio Lúcio, Paulinho Matos (flauta e guitarra), Paulo Maciel (baixo), Sérgio Pinheiro (vocal), Remi Loefler (teclados) e Beto Escalante (bateria) realizaram ali, no segundo semestre de 1979, a reunião que deu origem à banda.

Cada um deles, atualmente, desenvolve diferentes atividades, mas fazem planos para, em outubro, voltarem a se reunir e comemorar os 30 anos do Mel, no local mais adequado: em cima do palco, com um show celebratório. Aí, contando, também, com Haroldinho Matos, que se juntou à banda em 1982, um ano antes da gravação do único disco.

Desse LP, de produção independente, saiu um clássico brasiliense, a doce balada Estrela cadente (Paulo Maciel e Edibert Torre), que faz parte da memória afetiva de muitos quarentões. O LP obteve a impressionate vendagem de 25 mil cópias ; relançado em 2007, no formato de CD, com distribuição precária. "Dia desses, numa oficina mecânica, ouvi um cara assobiando nossa canção de maior sucesso", diz, ogulhoso, o tecladista Loefler.

"Nós, mesmo sem ter essa pretensão, abrimos as portas para bandas como Legião Urbana, Plebe Rude, Capital Inicial, Detrito Federal, que, a partir da metade da década de 1980, transformaram Brasília na capital do rock brasileiro", lembra Paulinho. "Certa vez, depois de um show que fizemos no Iate Clube, em 1982, recebemos do Renato Russo, que nos assistia em frente ao palco, uma carta, elogiando nossa musicalidade e a nossa atitude de formar uma banda sem nenhum tipo de apoio, seguindo a filosofia punk, do faça você mesmo", acrescenta.

Punk rock
Mas haviam divergências entre os representantes das duas facções do rock brasiliense naquela época: a do Mel da Terra, com arranjos mais trabalhados, que evocavam as grandes bandas do rock progressivo; e a que nasce com o Aborto Elétrico, adepto dos acordes básicos do punk rock. "Chegamos a recusar uma música que nos foi oferecida pelo Renato Russo para o nosso disco", revela Sérgio Pinheiro, encabulado.

Apesar de ter gravado apenas um disco, o Mel fez incontáveis shows. Embora as primeiras aparições públicas tenham sido no Concerto Cabeças, o show de estreia foi no Teatro Garagem, na 913 Sul. "Foi um grande acontecimento. Fizemos apresentações entre sexta-feira e domingo, com direito a sessão extra no domingo. Todas tiveram lotação esgotada."

O que eles fazem hoje


Paulo Maciel ; Empresário da área da alimentação, no momento, conclui um livro com a história do Mel da Terra.

Sérgio Pinheiro ;
Trabalha desde 2002 como técnico de som do Teatro Garagem do Sesc.

Beto Escalante ;
Executivo da Líder Táxi Aéreo, toca bateria na banda Oficina Blues.

Remy Loefler ;
Produtor artístico, com projetos voltados principalmente para shoppings, integra a banda Oficina Blues.

Paulinho Matos ;
Dono da produtora Betta Multimídia, integra a banda Quebraqueixo e tem trabalho de compositor voltado para a MPB.

Haroldinho Matos ;
Possui oficina de luthier na 406 Norte, onde constrói guitarras, é guitarrista das bandas Oficina Blues e Another Blues Band, e desenvolve carreira solo, com dois discos lançados.


 

Ouça a música Estrela Cadente, do Mel da Terra

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