Diversão e Arte

Paglieri vence o salão do Iate

postado em 18/08/2009 08:47
A lista de linguagens abarca gravura, pintura, desenho, videoarte, fotografia, objeto e instalação. Todas faziam parte do edital do 9; Prêmio de Artes Visuais Contemporâneas do Iate Clube de Brasília e, curiosamente, todas estão representadas na mostra que apresenta hoje os 26 selecionados do salão. A variedade marca a exposição e se estende pelos suportes, mídias e reflexões propostos nos trabalhos. Também hoje, o júri formado por Wagner Barja, Tânia Rivera, Marília Panitz, Mariza Veloso e Angélica Madeira entrega os prêmios do único salão de arte de Brasília.

Realizada pelo Iate Clube com verba do Fundo da Arte e da Cultura, a nona edição do prêmio recebeu 150 inscrições e surpreendeu o júri com trabalhos enviados por artistas do Nordeste e Rio Grande do Sul. O salão ocorre de maneira intermitente ; no ano passado, por exemplo, ficou suspenso ; e desde 2000 tem ênfase na produção contemporânea.

Rodrigo Paglieri levou o primeiro lugar com Livro corpo, uma das 26 obras da mostra que será aberta hojeQuando assumiu a realização do evento, há nove anos, Wagner Barja tinha a intenção de mapear a arte brasiliense. Os valores dos prêmios, no entanto, atraíram artistas de todo o Brasil. Os selecionados para o primeiro e o segundo lugar ganham, respectivamente, R$ 10 mil e R$ 6 mil. O terceiro fica com R$ 4 mil e o prêmio Revelação embolsa R$ 2 mil.
;É um salão médio;, repara o artista Rodrigo Paglieri, que recebe hoje o primeiro prêmio com o objeto Livro corpo. ;Desde que virou de arte contemporânea ele vem ganhando importância. Fui acompanhando, vi vários amigos mandando trabalhos, mas nunca tinha participado. O prêmio faz um pouco o salão. Se é bom, as pessoas querem participar e o a qualidade melhora. E o salão do Iate está virando isso.; Em segundo lugar, o júri escolheu o trabalho do franco-italiano Gaspare di Caro, Campbell; soup e, em terceiro, as fotografias de Liliá Loliequist. O prêmio revelação foi para o arquiteto Breno Rodrigues. ;Todas as obras ficam para o Museu Nacional da República;, avisa Barja.

Variedade
Não há generalizações possíveis no conjunto de obras. ;Foi um universo bem variado em termos de mídias e propostas. É uma exposição muito heterogênea. Não consigo agrupar em uma ou algumas tendências, é um grupo variado de obras. Mas chama a atenção a qualidade nas diversas mídias propostas em termos de desenho, pintura, fotografia e objetos. Há uma presença forte de todas as mídias;, avalia Tânia Rivera, integrante do júri. ;E também houve uma mescla. Alguns são muito jovens, outros já têm bastante experiência, então há uma relação de gerações;, continua Barja.

A delicadeza pontua trabalhos como os objetos em resina de Patrícia Bagniewski e a instalação Caramujo, da dupla Jojota, que filme um longo e tempestuoso beijo através da janelinha de uma minissala. A poesia acompanha algumas propostas, caso do livro que respira, de Paglieri, e da escultura de chão Chuva, de Regina Rodrigues. A pintura tem lugar importante e gestual rigoroso. Loise Rodrigues faz verdadeiras tecelagens pictóricas com tinta e pincel, enquanto Breno Rodrigues explora a plasticidade dos cobogós na série de mesmo nome.

Alguma ironia também serviu de ingrediente a Gaspare di Caro e Túlio Pinto. O primeiro apresenta latas de sopa Campbell com as coordenadas geográficas da famosa obra de Andy Warhol, hoje localizada no Museu de Arte Moderna de Nova York. Pinto utiliza um espelho para prolongar os cubos em madeira de 4,5 metros horizontal, uma ilusão de ótica perturbadora. ;A linha de cubos real é de 2,5m, mas o que se completa com o espelho é de 4,5m;, avisa o artista brasiliense criado no Rio de Janeiro e radicado em Porto Alegre. Pinto soube do salão por um amigo e gostou do prêmio.


9; PRÊMIO DE ARTES VISUAIS
Exposição de 26 artistas. Abertura e premiação hoje, às 20h, no Iate Clube de Brasília. Visitação até 2 de setembro, de segunda a sexta, das 9h às 18h. Sábado e domingo, das 9h às 17h.

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