Diversão e Arte

Disco de Céu: um som que não se define

postado em 21/08/2009 07:05

No primeiro disco Céu era apontada como uma promessa da "MPB", mas já não há como inseri-la em nenhum rótulo baseado no som de Vagarosa. Embora tome como ponto de partida o samba e o reggae, o disco soma elementos de um e outro gênero a uma infinidade de referências, criando um caleidoscópio sonoro onde cabem teclados retrô (Vagarosa), solos de guitarra que remetem ao rock progressivo (Espaçonave) e programações eletrônicas meio psicodélicas (Nascente).

Ao mesmo tempo que essa mistura soa estranha, ela embala canções que "pegam feito bocejo" (como diz bem no início o delicioso samba Sobre o amor e seu trabalho silencioso). É o caso de Bubuia, em que o baixo de Gui Amabis e a guitarra de Fernando Catatau travam interessante diálogo, marcando a malemolência e o refrão fácil da música.

[SAIBAMAIS]

É curioso também como ecos de uma música brasileira tradicional se diluem. Caso de Grains de beauté, cuja começa com uma letra que lembra um samba clássico, mas que se encaminha para uma canção lenta, climática, meio eletrônica.

Ainda que não faça um corte radical em relação ao disco anterior, Céu surpreende. E surpreende positivamente, porque é possível ver o avanço da artista, na procura de uma nova sonoridade, na sintonia entre compositora e intérprete.

Aliás, se o trabalho de compositora não é o que chama atenção em sua obra, digamos que Céu é eficiente ao criar "para consumo próprio", porque no conjunto tudo funciona harmoniosamente. O suficiente para se dizer que, em Vagarosa, Céu deixa de ser promessa do que quer que seja. Já é uma artista em pleno vôo.

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