Diversão e Arte

Adriana Calcanhotto encerra turnê do sofisticado Maré, no Centro de Convenções

Irlam Rocha Lima
postado em 24/08/2009 08:55
O canto da sereia sofisticada e transgressora se espalhou como uma onda pelo Centro de Convenções Ulysses Guimarães, na noite de sábado. Tendo ao fundo cenário azul de águas turvas e límpidas ; criado por Hélio Eichbauer ;, pintado sobre véus transparentes e povoado de cavalos-marinhos, polvo e golfinhos, Adriana Calcanhotto encantou as mais de 2 mil pessoas presentes no Auditório Máster. Usou, para isso, o timbre suave e as interpretações delicadas a serviço de um repertório em que as belas canções do álbum Maré se juntaram a antigos sucessos autorais e músicas de outros compositores.

Adriana encantou a plateia com músicas novas e antigas: reverênciaA cantora voltou a Brasília para fechar a turnê de Maré, que a levou a várias regiões do país e a cidades de Portugal, Espanha e Moçambique. Teve em sua companhia banda formada por músicos do primeiro time da moderna MPB ; Alberto Continentino (baixo e guitarra), Domenico Lancellotti (percussão, mpc, guitarra e baixo), Bruno Medina (teclados) e Marcelo Costa (bateria e percussão), que lhe deram o necessário respaldo. Ela, além do violão, tocou guitarra e cuíca.

Quase sempre loquaz, Adriana falou pouco. O comentário mais demorado foi quando se referiu a Fiana Hasse Pais Brandão, artista portuguesa ligada ao movimento surrealista, morta em 2007. Dela, musicou o poema Poética do eremita, que cantou em seguida, enquanto exibia conhecimento de violoncelo, no momento mais hermético do show.

Mas a faceta popular da artista gaúcha prevaleceu no roteiro, para o agrado de uma plateia respeitosa ; melhor seria dizer reverente ; ao ouvir canções de Maré, como Três, Mulher sem razão, Porto Alegre, Sem saída e a que dá título ao CD. Aplausos calorosos soaram depois das interpretações de Para lá (;Minha primeira parceria com Arnaldo Antunes;) e Teu nome mais secreto (;Minha última parceria com Waly Salomão;).

O público só se soltou quando a cantora voltou aos hits da carreira: Mais feliz, Esquadros, Mentiras, Fico assim sem você (do Partimpim) e Devolva-me ; do tempo da Jovem Guarda ;, que aprendeu, ainda criança, ouvindo no radinho de pilha da babá. Ao começar a cantar Vambora, seu maior sucesso, foi saudada com gritos vindos fundo do auditório: ; Gostosa, linda, maravilhosa!”. Antes, um coro de assobios a ;homenageou; quando ela se desfez da capa do conjunto vermelho que usava e exibiu a tez branquinha dos braços.

Quase ao final da apresentação, Adriana mostrou sua versão para A cor amarela, extraída de Zii e zie, disco mais recente de Caetano Veloso. No bis, mais uma vez surpreendeu os admiradores ao recriar, de forma suave, Meu mundo e nada mais, antiga balada de Guilherme Arantes. ;Ela me impressionou muito como intérprete. Ouvi-la cantar Meu mundo e nada mais foi maravilhoso;, comentou a promotora de eventos Anna Paula Couto. Com as pessoas de pé ; algumas dançavam nas laterais do palco ;, a cantora se despediu com Deixa o verão (Rodrigo Amarante), rock do repertório do Los Hermanos.

Fãs que conseguiram chegar à porta do camarim, depois do encerramento do espetáculo, frustraram-se. Adriana não atendeu ninguém. Saiu do palco direto para o carro que a conduziu ao hotel. ;Adorei o show e amo Adriana. Gostaria muito de fazer uma foto com ela, mas infelizmente não consegui;, disse, com ar de tristeza, a atendente de consultório médico Maria Luisa Costant.

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