postado em 25/08/2009 08:39
Mamulengos como João Redondo, Babau, Briguela, Mané Gostoso e Cassimiro Coco sairão dos quatro cantos do país e pousarão no palco da capital federal. Os bonecos do imaginário popular, que contam histórias para adultos e crianças, vão se misturar a brinquedos de luva e de vara vindos de mais longe, do outro lado do oceano. Por trás das coxias, gente grande dará vida a eles, a partir de hoje, durante o 8; Festival Internacional de Teatro de Bonecos de Brasília.Até domingo, o evento reúne grupos brasileiros (Distrito Federal, Pernambuco, Bahia, Ceará, Maranhão, Piauí, Paraná, Rio de Janeiro e Rio de Grande do Sul) e de países europeus e latinos (Hungria, República Tcheca, Bélgica, Itália, Chile, Uruguai e Argentina) no Complexo Cultural da Funarte. A entrada é franca e a classificação indicativa, livre.
;Trazemos propostas estéticas variadas em apresentações com técnicas de manipulação e dramaturgia diferentes. Na Hungria, por exemplo, os grupos são mais minimalistas, fazem tudo com mão e braço. É a primeira vez que trazemos representantes do Leste Europeu. O leque do festival é imenso, para todos os gostos;, explica o organizador, Ricardo Moreira.
Do DF, pelo menos 20 companhias se dividem entre bonequeiros e grupos de manifestação popular, já que, além das encenações teatrais, haverá rodas de prosa, dança e música regional. Vai ter circo, samba da Bahia, Boi do Seu Teodoro, tambor do Maranhão, pife, palhaços, forró.
;O festival, desde o início, sempre teve essa vertente de cultura popular. Os bonecos bebem dessa fonte há muitos anos. Eles contracenam com as cantigas, com os personagens folclóricos, com as crenças;, acrescenta Ricardo Moreira.
Para tanto, haverá mais uma vez a reprodução da Vila Cassimiro Coco com as Casas dos Saberes. Serão 13 estruturas feitas de taipa para abrigar oficinas de brinquedos artesanais, rodas de conversas, exposições e comidas típicas. Destaque para a Casa Grávida, na qual escritores e contadores de histórias vão dar vida a contos, lendas e crendices.
Quem abre os festejos de bonecos hoje, às 19h, são os grupos Lambe-Lambe (BA) e As Caixeiras (DF). O primeiro criou o estilo de teatro em caixas, em 1980. O segundo o adotou há dois anos. ;É muito importante participar de um festival em que vamos encontrar os criadores do que fazemos hoje. Só num evento assim para vermos bonequeiros de todo o país e do mundo, trocar técnicas, experiências e vivências;, comenta uma das integrantes de As Caixeiras, Amara Hurtado.
[SAIBAMAIS]A turma da Bahia vai mostrar a peça Sobrevivendo com pequenos bonecos manipulados com varetas. As Caixeiras apresentam teatro de mesmo nome sobre o universo feminino. ;Uma pessoa por vez assiste dentro da caixa cada parte do espetáculo. Todas as cenas, de dois minutos, tratam do universo feminino;, explica Amara Hurtado.
Para encerrar o primeiro dia, às 20h, a Cia. Figurina (Hungria) conta histórias com mãos e bonecos representando mágicos, malabaristas, homens fortes, treinadores de animais, acrobatas e trapezistas. O show Microcircus é uma animação manual e de objetos, compreensível a adultos e crianças.
8; FESTIVAL INTERNACIONAL DE TEATRO DE BONECOS
De hoje a domingo, das 10h às 22h, no Complexo Cultural Funarte, atrás da Torre de TV. Hoje, às 19h, abertura com os grupos Lambe-Lambe (BA), As Caixeiras (DF), na Vila Cassimiro Coco (Pátio externo) e, às 20h, com a Cia. Figurina (Hungria), no Teatro Plínio Marcos. Entrada franca e classificação indicativa livre.
O número
50
Grupos, pelo menos, vão se apresentar até domingo
As companhias
Lambe-Lambe
; O nome do novo formato de teatro de animação foi dado pelo grupo baiano de Ismine Lima e Denise Santos no fim da década de 1980, na Bahia, em função do formato da caixa, semelhante às antigas câmeras fotográficas. Com uma espécie de cortina que cobre o espectador e o manipulador, as cenas são apresentadas a uma pessoa por vez que observa a encenação por um buraco.
Sobrevivendo
; O enredo se desenvolve em torno da estupidez de um caçador e da esperteza de um primata. O segundo, de perseguido passa a ser perseguidor. E vice-versa. O espetáculo faz uma grande brincadeira com o público.
As Caixeiras
; O espetáculo tem quatro atos: O vestido, inspirado no poema de Carlos Drummond de Andrade, conta o drama de três corações partidos. A mensagem trata de uma cigana que fala da caverna do inconsciente e entrega uma mensagem ao espectador. Ataque de nervos é a história do cotidiano da mulher, da dificuldade de lidar com mil coisas ao mesmo tempo. E Priscila perereca é um conto de fadas entre a perereca e o príncipe.