postado em 25/08/2009 09:22
Tem gente dizendo que Dado Dolabella vai ganhar o Oscar de melhor ator pela atuação em A fazenda. Quando o programa começou, as apostas eram de que ele quebraria o barraco e seria mandado de volta para a ;vida bandida; num piscar de olhos. Que nada. No primeiro momento, foi favorecido pela presença de participantes, digamos, mais exaltados, como o impagável Théo Becker. Colocado de lado pela maioria dos participantes, o ator e aspirante a cantor lentamente construiu a tese de que era alvo de preconceito, pela fama de bad boy, que bateu até em mulher. ;Não adianta o que eu faça, a mídia só divulga coisas ruins ao meu respeito.; Nas sucessivas discussões que enfrentou, usou esse argumento a seu favor e começou a construir a vitória em sucessivas idas e vindas à roça, derrubando concorrentes teoricamente fortes, como Pedro Leonardo e Carlinhos (que tinha em mãos um drama pessoal).Virou então o mocinho regenerado. Aquele que teve um passado condenável, mas agora pede uma segunda chance. Assim, com cara de virtudes, na disputa final com Danni Carlos, venceu com folga em todas as formas de votação (SMS, internet, portal de voz e telefonemas), ficando com média maior que 80%. Levou para casa mais que R$ 1 milhão. Saiu com um pacto com o público, sobretudo o feminino, que agora é um ;sujeito homem;, futuro pai de um filho e consciente do ;respeito ao outro;. ;Será?;, podem perguntar os céticos. Só o tempo vai dizer, mas uma coisa é certa: Dado Dolabella foi o grande jogador do reality show, que botou no chinelo a mesmice que se tornou o Big Brother Brasil, apesar de o apresentador Britto Jr. estar ainda pouco azeitado para o formato.
O mérito maior de A fazenda foi contextualizar o cenário do confinamento no dia a dia dos participantes, que tinham que fazer provas relacionadas à vida rural. Profissionais do campo, veterinários, adestradores, biólogos, foram ao local ensinar técnicas de cultivo e cuidados com os animais. Aos poucos, A fazenda se transformou num reality show do bem. A Record, ao seu jeito, explorou o bom time de participantes e criou um programa leve. Sem poder se expor muito, afinal cada um tem uma carreira fora da sede, os artistas não caíram nas baixarias típicas dos BBB. E usaram o tempo para produzir. Foi bacana ver alguns compondo músicas. Danni Carlos terminou o confinamento de 84 dias com um CD nas mãos. Espera-se que o sucesso do programa faça com que a Globo mexa no natimorto formato do BBB que, quando inova, resolve pôr seres humanos, como bichos no zoológico, em caixas de vidro, no meio de shopping center.
Como era de se esperar, a final de A fazenda acabou rendendo uma das maiores audiências conquistadas pela Record nos últimos três anos. Na grande São Paulo, o programa conquistou média de 21 pontos, com picos de 32.