Quando fizeram seus primeiros shows, em 2001, a banda Sapatos Bicolores era quase um corpo estranho no cenário roqueiro brasiliense. O punk com influências de rockabilly não era exatamente uma novidade por aqui (Little Quail, nos anos 1990, e Gramofocas, nos 2000, são exemplos que logo vêm à mente). Mas a proposta sonora do trio formado pelo guitarrista André Vasquez, o baixista Paulo César e o baterista Caio Cunha era diferente, muito mais billy do que punk. A eficiência do trio em cima do palco (em especial, a habilidade guitarrística de André) causou boa impressão e não demorou muito para eles encontrarem seu público (dentro e fora de Brasília) e serem abraçados pelos colegas de rock.
;Tivemos problemas de todo o tipo, desde grana até instrumentos que pararam de funcionar. Mas o maior deles foi a agenda das pessoas envolvidas;, justifica André, 29 anos. O disco estava gravado, mas empacou na mixagem. Para agilizar, a banda recorreu a outro profissional da área: foram para Goiânia preparar a mix com Gustavo Vazquez, do Estúdio Rock Lab, referência da produção local. ;Ele conseguiu dar um fim na história e direcionar a sonoridade do disco para uma coisa muito mais moderna, que era o que sempre quisemos do CD;, comenta o guitarrista.
Ouça trecho da música "Sadie" dos Sapatos Bicolores
Influência
Comparando o primeiro e o segundo trabalho dos Sapatos, é fácil perceber as diferenças entre um e outro. O rockabilly (que vale ressaltar, nunca foi utilizado de maneira ortodoxa pela banda) ainda está ali, mas convive com um leque maior de referências. ;A influência do rockabilly está presente no som dos Sapatos da mesma forma que o hard rock, o punk, o country ou o glam e tantas outros tipo de música;, explica André. ;A gente nunca conversou sobre soar de um jeito ou do outro. O que sempre fizemos foi ouvir o máximo de música que podemos para aprender a nos expressar da maneira mais adequada possível. É como ler: quanto mais uma pessoa ler, mais vocabulário ela terá. Isso é um consenso na banda. Agora, Elvis Presley ou Elvis Costello? Não tenho preferência ; mas tenho ouvido mais o segundo ultimamente;, emenda.
Mixagem feita, o passo seguinte foi conseguir a masterização. O responsável por esta etapa foi o americano Alan Douches, que já havia trabalhado com os também brasilienses Deceivers ; o resultado obtido no disco dos amigos impressionou André e isso foi decisivo para a escolha. ;O preço era muito competitivo e dava pra gente bancar;, acrescenta.
Quando o tesão bater é o primeiro disco lançado em conjunto pelo selo brasiliense Senhor F e o goiano Monstro Discos. Na avaliação do guitarrista, a parceria representa um maior alcance para o som da banda. Com o cedezinho em mãos, o objetivo do Sapatos Bicolores é, claro, cair na estrada. ;Temos planos de tocar em todos os lugares que já tocamos e em outros países da América do Sul. O disco demorou tanto pra sair que a gente estava meio incrédulo com a chegada da criança, mas agora vamos voltar a nos mexer!”
Festa Play!
Amanhã, às 23h30, no Blackout Bar (904 Sul, dentro do Clube da Asceb). Festa-show com a banda brasiliense Sapatos Bicolores lançando CD e discotecagem com os DJs Gabriel Azambuja (Cachorro Grande-RS), Montana, Gonzalo Insônia, Cabarte Scene & Night Walking Dreams. Entrada: R$ 10 (com nome na lista playbrasilia@gmail.com, até 1h) ou R$ 15 (sem nome na lista ou após 1h)
Ouça trecho da música "Passagem para o inferno" dos Sapatos Bicolores