Diversão e Arte

Patrícia Pillar estreia na direção com o documentário Waldick

Simone de Castro
postado em 31/08/2009 12:32
Após sete meses respirando e vivendo as maldades de Flora, em A favorita, Patricia Pillar revela que só agora conseguiu emergir do mergulho profundo que fez na vilã de João Emanuel Carneiro. "Ela demandou muita energia. Quando acabou a novela parecia que tinha saído de uma máquina de lavar roupa. Até voltar à vida com mais tranquilidade levou um tempo", conta a atriz. E bota seis meses nisso. "Esses meses foram necessários para a energia baixar. Foi muito volume de trabalho, textos para decorar. Até na minha casa dei uma abandonada", confessa Patricia, que não vê problemas em ficar lembrada por Flora: "É uma alegria". E Patrícia está mesmo num momento de alegrias. Além de ter feito um trabalho irretocável em A favorita, ela é só empolgação com o lançamento do documentário Waldick, sempre no meu coração, que em breve chega aos cinemas. A direção é da própria atriz, que estreia na função. Fica fácil, então, entender por que os olhos de Patrícia se iluminam ao falar de Waldick. A impressão que se tem é que eles devem ter ganhando esta mesma expressão quando, aos 9 anos, a pequena viu pela primeira vez aquela figura misteriosa, toda de preto, usando óculos e chapéu de caubói, cantando no Chacrinha, em 1973. "A lembrança era da figura a la Durango Kid, personagem que ele incorporou. Mas aos poucos fui descobrindo o homem atrás do mito", diz. PASSIONAL E, definitivamente, corre em suas veias Waldick Soriano. Amante de versos das músicas do cantor como Fujo de ti ("Ai que tristeza ver tua boca/ Em outra boca /Mas se quiseres voltar pra mim /Ainda te quero"), Patrícia não consegue tratar o amor de forma morna: "Eu sou passional. Gosto dessa coisa rasgada, do amor cantado com ênfase. A cidade grande parece deixar as pessoas frias, distantes, a ponto de acharem o amor cafona. Quando na verdade este sentimento que nos arrebata tem que ser dito de forma rasgada". Durante três anos, a atriz teve uma convivência estreita com o cantor. E pôde ver a mudança de postura dele a cada encontro. "No início das filmagens, sentia que era o personagem falando. A sensação era de que queria um certo distanciamento como proteção. Ele foi se mostrando à medida que a confiança e a amizade entre a gente iam crescendo", explica. Até por isso, a morte do cantor no ano passado, em decorrência de um câncer, mexeu profundamente com Patrícia. "Ele foi indo aos pouquinhos, já estava bem abatido. Ajudei no que pude. Ele teve um fim digno, com conforto, atendimento médico", conta a atriz, que continua ouvindo as músicas de Waldick: "Dá ainda mais saudade". Impacto Patrícia afirma que em muitos momentos ficou engasgada com o que via através de sua câmera. "Senti o impacto do que ele dizia. Muita coisa me entristeceu. Como fã, talvez não fosse essa a história que queria. Mas não podia faltar com a verdade em respeito a ele", afirma a atriz, que também dirigiu show do cantor no Cine São Luiz, em Fortaleza. A apresentação virou DVD e CD: "Foi sensacional. O disco só tem clássicos". Discreta A atriz diz que em nenhum momento o cantor se negou a responder a qualquer pergunta. "Também não fui inconveniente", conta ela, que já ficou incomodada com o assédio, às vezes pesado, da mídia. "Procuro não valorizar aquilo que não tem valor. A essência é o que vale. As outras coisas vão, a gente deixa passar", diz, relembrando o bombardeio de perguntas sobre o câncer que teve, além de sua relação de 10 anos com o deputado federal Ciro Gomes. Sobre ele, ela se limita em dizer que é "um bom companheiro".

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