Diversão e Arte

João Bosco Bonfim lança hoje, na Livraria D. Quixote, seu 16º livro

postado em 04/09/2009 08:07
O cearense João Bosco Bonfim é um apaixonado pelo cordel. Fez dessa paixão matéria-prima de sua obra mais conhecida, Romance do vaqueiro voador - adaptado para telas pelo cineasta de Brasília Manfredo Caldas -, e de pesquisas acadêmicas. Prestes a concluir doutorado sobre o tema, o autor, radicado em Brasília desde 1972, lança hoje, às 19h30, na Livraria D. Quixote, seu 16º livro, In feito. O título, segundo o poeta, é uma brincadeira com aquilo que não foi criado pelo esforço mental humano, mas por força das sensações, afeições do artista. "Também remete à ideia de defeito ou enfeite", observa Bosco, que reúne no livro poesias sobre o amor, o país, a morte e Brasília. "Tenho uma ligação muito afetiva com a cidade, depois do Ceará e Portugal, é o lugar que mais aprecio", destaca. Vicente de Paulo: poemas discutem a ideia de inspiraçãoO carinho demonstrado pela cidade de Oscar Niemeyer está expresso, por exemplo, nos pequenos versos de Pour Elise. A inspiração surgiu durante uma tarde no Parque da Cidade. "Estava num parquinho com a minha filha e tocava essa música de Beethoven (Pour Elise) incessantemente", detalha o poeta, que escreve: "Meu parque de diversões é triste/só um chiste de um carrossel/um corcel que gira e insiste/persiste a girar sobre o eixo/seixo já gasto sem graxa/e graça vem no gemido/sentido com um carro de boi/sem aboio". Mineiro de Caratinga, desde os quatro anos de idade vivendo em Brasília, o poeta Vicente de Paulo Siqueira também está com livro novo na praça. Abecedário é o terceiro título da carreira. Professor de português e literatura, ele explica que a obra nasceu de uma experiência fracassada na sala de aula. "A linguagem escrita só existe se existir o leitor", avalia, em tom de crítica. Daí a necessidade de buscar uma outra forma de expressão. Lançado pela editora LGE, o livro evoca um maduro exercício sobre as dificuldades e prazeres de se fazer poesia. "O título brinca com esse confronto com as palavras que vão de A a Z, mas não necessariamente obedecendo a ordem do alfabeto. Às vezes, o poeta não espera o tema, só pega um nome e por meio dele desenvolve uma ideia, cria um poema pensado", observa. "Os poemas de Abecedário discutem essa ideia de inspiração no dia a dia de um poeta%u201D, polemiza. Mandamentos Ao longo de 50 páginas Paulo Siqueira exercita sua poesia espacial no campo do experimentalismo, colocando em prática os mandamentos do poeta norte-americano Ezra Pound (uma grande referência, além dos poetas concretistas), de que a poesia estaria mais ligada à música e às artes visuais, do que à própria literatura. Assim, um simples tabuleiro de xadrez ganha destaque visual engenhoso dentro das páginas de Abecedário, a partir da brincadeira do autor com os movimentos das peças do jogo e a gramática. Noutro momento, uma calçada de palavras é construída tendo como caminho a temática abstrata. "Diria que minha poesia é concreta e cabocla, cresce entre os rios de Oswald de Andrade, (Carlos Drummond, João Cabral, (Paulo) Leminski e o Concretismo, buscando sempre a condensação, a síntese. Poemas de duas páginas nunca foram o meu forte, seja nos livros que publiquei ou nos inéditos", define. IN FEITO Lançamento do livro In feito, de João Bosco. Hoje, às 19h30, na Livraria D. Quixote. Produção independente. 44 páginas, R$ 15. ABECEDÁRIO Vicente de Paulo Siqueira. Editora LGE. 50 páginas, R$ 35

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