O clima não foi de tristeza. Nem parecia uma despedida. Mas na noite de domingo, em cima do palco montado na área externa do Museu da República, a banda brasiliense Bois de Gerião fez soar seus últimos acordes. A apresentação do sexteto foi na programação do projeto Todos os Sons ; que contou ainda com Raquel Becker, Marcos Farias, Maurício Tizumba e os Tambores de Minas. E pelo número de pessoas cantando as músicas da banda, ficou claro que boa parte dos cerca de 350 presentes estava ali para ver o Bois. Amigos, fãs antigos e integrantes de outras bandas da cidade foram até lá para assistir ao encerramento de um capítulo do rock de Brasília. ;O Bois de Gerião abriu o caminho para toda uma geração de bandas. Esse show é simbólico, fecha um ciclo;, observou Pedro Ivo
Alcântara, 32 anos, ex-baixista da finada Prot(o).
A apresentação de aproximadamente 50 minutos contou com 13 músicas, tiradas dos dois CDs lançados pelo grupo (Bois de Gerião, de 2002, e Nunca mais monotonia, de 2006). ;Estava na hora de acabar. Nós viramos cover de nós mesmos;, comentou de cima do palco o vocalista e guitarrista Rafael Farret, 29 anos, respondendo a um grito de ;acaba não; vindo da plateia.
A decisão pela aposentadoria foi tomada em conjunto. ;Não tínhamos mais a pilha de continuar. Ficamos sem tempo pro Bois. Melhor terminar assim do que brigados. A banda durou muito por conta da nossa amizade, porque grana a gente não ganhou, então não tinha esse compromisso. Ultimamente, nos ensaios, a gente ficava mais conversando, querendo saber como estava a vida do outro, do que tocando;, continua o guitarrista, que pretende tocar outros projetos, mas não faz previsão para eles.