Diversão e Arte

Festa de protesto em Taguatinga

postado em 10/09/2009 09:59
Os 72 quadros no chão do foyer do Teatro da Praça denunciaram a revolta dos artistas com a falta de estrutura do espaço, na noite de terça-feira, na comemoração dos nove anos de promoção da cultura popular pela Tribo das Artes. Uma a uma, fotografias dos escritores Menezes y Moraes, Stela Maris, Nicolas Behr, do repentista Chico de Assis e de outros que passaram pelos saraus do movimento foram erguidas pelos participantes. No peito de cada um, uma placa com nome e função: ;Atualmente trabalhando como suporte de quadro na galeria sem quadro;. A reforma do centro cultural de Taguatinga, finalizada em dezembro de 2008, estimulou o acesso ao espaço. Em poucos meses, a sucessão de aparelhos eletrônicos queimados, a falta de funcionários e de serviços de manutenção evidenciaram o hiato administrativo. As canaletas de suporte para quadros, previstas para o salão de entrada do Teatro da Praça, nunca foram instaladas. ;Decidimos utilizar o espaço, disponível para a comunidade, mas como artistas expõem trabalhos sem estrutura física para tal?;, questionou o ativista Ruiter Lima, um dos idealizadores da manifestação. [SAIBAMAIS]A resistência cultural ocupa uma grande fatia no histórico do Teatro da Praça. Tomado por militantes em sucessivos períodos de abandono, sediou edições da Mostra Taguatinga de cinema e vídeo, foi palco de trabalho do grupo teatral Celeiro das Antas e manifestações do movimento de artistas Viva EIT, responsáveis pela transformação do espaço em centro cultural e o tombamento provisório. Desde agosto, a Tribo das Artes utiliza o teatro para o tradicional sarau, que nessa 82; edição comemorou também nove anos de existência. O retorno da cultura popular ao Teatro da Praça motivou a festa de terça-feira. Pela roda de velhos amigos, ecoaram brados de revolta, amizade e amor, durante uma hora de declamações poéticas. ;O artista provoca, incita. Se organizar em grupos independentes e fomentar a criação de projetos deve ser rotineiro. A arte coletiva, promovida junto ao povo, chama novos adeptos;, justificou o poeta e músico Gilson Alencar. Há 30 anos, ele usa mesas de bar e gramados de Taguatinga, Ceilândia e Planaltina em oficinas de transformação popular. Sob a penumbra do teatro ; 12 dos 16 refletores não funcionam ; se sucederam apresentações do mímico Miquéias Paz e do grupo vocal Sopro e Cordas, que lançou o terceiro álbum, Vozes brasileiras, em homenagem a músicos locais. Com 27 anos de trabalho, o quinteto brasiliense se apresentou em companhia dos instrumentistas Hamilton de Holanda, Gabriel Grossi, Ocelo Mendonça e Félix Júnior, que marcam presença no CD. ;Do hábito de registrar ensaios e shows de improviso, geramos um arquivo com participação de músicos em início de carreira, hoje conhecidos por todo o país. Infelizmente, pessoas talentosas se mudam por não encontrar oportunidades na cidade;, lamentou o músico Rivaldo Gomes ;Boreu;.

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